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A partitura é uma arma (e o Conservatório sabe)

01 out, 2014 • Dina Soares

Os instrumentos na Escola de Música do Conservatório Nacional estão em silêncio: faltam professores.

A partitura é uma arma (e o Conservatório sabe)
Na Escola de Música do Conservatório Nacional, reina o silêncio. Duas semanas depois da abertura do ano lectivo, os instrumentos continuam guardados porque cerca de um terço dos professores ainda estão à espera de contrato. Num corpo docente de 160 professores, 48 aguardam um lugar nos quadros, alguns há mais de uma década. O processo de contratação anual repete-se desde 1983, mas que a cada ano que passa é mais demorado, deixando mais de 900 alunos sem aulas.
Na Escola de Música do Conservatório Nacional, reina o silêncio. Duas semanas depois da abertura do ano lectivo, os instrumentos continuam guardados porque cerca de um terço dos professores ainda estão à espera de contrato.

Num corpo docente de 160 professores, 48 aguardam um lugar nos quadros, alguns há mais de uma década. O processo de contratação anual repete-se desde 1983, mas, a cada ano que passa, é mais demorado, deixando mais de 900 alunos sem aulas.

Para chamar a atenção para este problema, os estudantes trouxeram esta quarta-feira a orquestra para a Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, frente ao Ministério da Educação, e protestaram com música. Foi um Dia Mundial da Música passado em luta pelo direito de aprender.

Mafalda Pernão, directora da Escola de Música do Conservatório Nacional, garante que a decisão de não começar as aulas foi concertada com os pais e tem apenas razões pedagógicas. "Não fazia sentido que alguns alunos começassem o ano escolar e outros não porque, na altura de prestar provas, todos são avaliados pelos mesmos critérios", argumenta.

Alunos "mortos por começar as aulas"
Todos os anos, as aulas abrem sem que todos os problemas estejam resolvidos, mas este ano está a ser particularmente conturbado.

Marcello Sacco, professor de italiano dos alunos de Canto, está no Conservatório desde 2005. A 31 de Agosto de cada ano, cessa o contrato, no início de Setembro, costuma renová-lo.

Este ano está mais difícil. "Ontem prestei provas. Agora aguardo pelo veredicto do Ministério da Educação", diz Paula Cristina Machado, mãe de dois alunos de violino.

Os miúdos adoram música e "estão mortos por começar as aulas", mas não têm professor. Pô-los numa escola privada, não é opção. "Financeiramente seria impossível e do ponto de vista da qualidade do ensino também seria pior. Além disso, o ensino no Conservatório é um direito e não podemos desistir de lutar por ele".

De acordo com as informações do Ministério da Educação, as provas para a contratação de professores terminam na próxima semana. Mafalda Pernão espera, por isso, que ainda nessa semana ou na seguinte os professores estejam todos nos seus postos para que as aulas possam arrancar.

Até porque "o ensino artístico não pode continuar a ser o parente pobre da escola em Portugal".