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Fundação Ajuda à Igreja que Sofre nomeada para o Prémio Sakharov

23 set, 2014 • Ângela Roque

Galardão é atribuído pelo Parlamento Europeu para homenagear personalidades ou entidades que se esforçam por defender os direitos humanos e as liberdades fundamentais.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) foi nomeada para o Prémio Sakharov, em reconhecimento pelo que tem feito pela liberdade religiosa e de pensamento.

O galardão é atribuído todos os anos pelo Parlamento Europeu para homenagear personalidades ou entidades que se esforçam por defender os direitos humanos e as liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de religião ou crença.

A AIS foi seleccionada juntamente com outras instituições, incluindo L'Œuvre d'Orient e a Open Doors International, coordenadas pela organização francesa CHREDO (La Coordenation des Chrétiens en Danger). Esta proposta foi impulsionada por Philippe Juvin, deputado do Parlamento Europeu (França, EPP), com o apoio individual de colegas de vários países e famílias políticas.

As sete nomeações para o Prémio Sakharov incluem a do Patriarca de Bagdad, Louis Sako, juntamente com Mahmoud Al-Asali, que foi assassinado por defender os direitos dos cristãos em Mossul, a 20 de Julho de 2014.

O mundo a mudar
Catarina Martins, responsável pela AIS em Portugal, recebeu a notícia “com grande orgulho".

"É uma forma de se saber que estamos a trabalhar no bom sentido e que de facto a nossa missão é reconhecida. Porque este prémio vem do reconhecimento do nosso trabalho que temos vindo a fazer ao longo dos anos, que é a denúncia da situação dos cristãos perseguidos no mundo", disse Catarina Martins à Renascença.

Destaca também a nomeação de Louis Sako. "Ele tem sido uma voz muito activa, uma das únicas vozes que tem falado e alertado para o genocídio que está a acontecer no Iraque", sublinha Catarina Martins, que lembra que a comunidade internacional só começou a olhar mais para o Iraque por causa das atrocidades que o Estado Islâmico tem cometido, mas sem nunca dar particular atenção ao quase extermínio dos cristãos iraquianos.

Para a responsável, a nomeação "já serve para mostrar que de facto há alguma coisa que está a mudar". A classe dirigente "começa a perceber que há um problema grave de liberdade religiosa, que há comunidades que estão a ser perseguidas e a assumir que a comunidade cristã é a mais perseguida em todo o mundo actualmente."

Melhor do que a nomeação, claro, seria acabar por vencer o prémio. "Seria um sinal muito positivo para estas comunidades cristãs que estão a viver estes tempos difíceis de perseguição em várias partes do mundo", remata.

Os anteriores vencedores do Prémio incluem Nelson Mandela, Malala Yousafzai, a ONG russa Memorial e o antigo secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan e a sua equipa.