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Reportagem

Isabel Silvestre, professora-cantora: "Podem fechar as escolas, mas não as recordações"

16 set, 2014 • Liliana Carona

A aula de Isabel Silvestre começava sempre com música. As escolas onde ensinou já não existem, mas nasceu um centro escolar que "é uma delícia".

Isabel Silvestre, professora-cantora: "Podem fechar as escolas, mas não as recordações"

Muitos lembram-se dela como a voz inesquecível de "Pronúncia do Norte", uma canção-diálogo com Rui Reininho e os GNR. Isabel Silvestre é conhecida pela voz, mas não foi como cantora que em 1968 que deu os primeiros passos. A cantora foi professora primária.

Estamos em frente à escola primária de Serrazes, uma das freguesias de São Pedro do Sul. Como muitas outras espalhadas pelo país, esta escola não abriu este ano.

"Nesta escola dei os primeiros passos como professora primária", recorda Isabel. "Tenho pena: vou bater à porta e não está cá ninguém para abrir. Podem fechar as escolas, mas não há ninguém que feche as recordações."

A aula de Isabel Silvestre começava sempre com música. Carrega no coração todas as recordações do tempo em que era professora primária, em Serrazes e em São Pedro do Sul, que também fecha portas.

Foi lá que Isabel fez o exame da primeira classe. Hoje já não há alunos para educar nestas escolas.

Em São Pedro do Sul, foi inaugurado recentemente um centro escolar, com um auditório baptizado com o nome da cantora de Manhouce.

Isabel visitou o novo centro escolar na inauguração, na semana passada. E gostou. "Aquilo é uma delícia, tem tudo e estão abertos para o mundo desde o princípio, começam logo a trabalhar com todas as ferramentas. Não se sentem diminuídos perante as crianças das grandes cidades", diz.

Mas agrupar alunos em centros escolares e fechar pequenas escolas "é um pau de dois bicos", diz. Ao menos, deseja, "que estes bicos se juntem" e apontem para o "futuro" e para o "melhor".