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Cortes vão continuar em 2015 para "acertar" as contas do Estado

16 set, 2014

As Grandes Opções do Plano para 2015, o documento que antecipa as linhas orientadoras do Orçamento do Estado e a que a Renascença teve acesso, deixam claro que salários e apoios sociais vão continuar a ser atingidos. Economista César das Neves diz que é "inevitável".

Os salários e apoios sociais vão continuar a ser atingidos, de acordo com as Grandes Opções do Plano para 2015, o documento que antecipa as linhas orientadoras do Orçamento do Estado para o próximo ano e a que a Renascença teve acesso.

O Governo admite que reduzir a despesa é o grande desafio dos próximos anos, objectivo impossível de concretizar sem atingir vencimentos ou apoios sociais.

“Quase 70% daquilo que o Estado gasta são pensões e salários, pelo que não é possível cortar despesa para a pôr num nível sustentável para o país, sem os afectar”, diz à Renascença o economista João César das Neves.

“O que está nas Grandes Opções do Plano para 2015 é uma situação óbvia da situação financeira portuguesa, que infelizmente tem sido escondida por uma enorme quantidade de disparates, interesses e manifestações e por isso é que ainda há dúvidas”, defende o professor da Universidade Católica.

“Durante muito tempo, deram-se facilidades sem pensar nas receitas que a iam pagar. Essa é uma atitude irrealista e sustentada com dívida durante tanto tempo é impossível de manter. Mais ninguém nos vai pagar o Estado, os estrangeiros não têm o dever de o fazer”, sublinha.

"Provavelmente, vamos voltar à 'troika'"
Para César das Neves, esta tendência será maior nos próximos meses com a aproximação das eleições, em 2015. “Agora não há 'troika' para nos ajudar, estamos nas mãos do mercado, o que quer dizer que vai ser mais difícil ser irrealista”. 

O economista considera que a presença da "troika" facilitava a vida ao sistema financeiro, “porque havia uma data de dinheiro previsto pelos nossos parceiros para nos ajudar e agora não há”.

“Provavelmente, vamos ter de voltar à 'troika' e, quando isso acontecer, quando percebermos que não somos capazes de nos aguentar, teremos, provavelmente, um segundo resgate", prevê.

O documento contém os objectivos de redução de défice e da dívida, já conhecidos, e um aviso do Governo: não será possível corrigir as contas sem voltar a cortar nos salários ou nos apoios sociais.