Emissão Renascença | Ouvir Online

Governo responsabiliza EDP pelos atrasos na salvaguarda de achados com 10 mil anos

02 set, 2014 • Maria João Costa

Em causa os trabalhos na Barragem de Ribeiradio-Ermida, em Sever do Vouga.

A Direcção-Geral do Património responsabiliza a EDP pelo atraso nos trabalhos de levantamento e salvaguarda dos achados arqueológicos encontrados na construção da Barragem de Ribeiradio-Ermida, em Sever do Vouga.

Depois da denúncia, em declarações à Renascença, pela Associação de Arqueólogos Portugueses, que está preocupada com a preservação dos vestígios com mais de 10 mil anos, a Direcção Geral do Património confirma que está a acompanhar o processo desde Julho.

Num esclarecimento enviado esta terça-feira à Renascença, a Direcção-Geral do Património explica que soube em Julho da presença dos achados arqueológicos encontrados durante a desmatação que antecede o enchimento da albufeira da barragem.

Desde então, indica aquele organismo da secretaria de Estado da Cultura, contactou a EDP para traçar a estratégia de salvaguarda do património. Contudo a 19 de Agosto nada tinha sido feito. Face à inacção da empresa eléctrica, a Direcção-Geral manifestou preocupação, lê-se no esclarecimento, e do lado da EDP chegou a resposta que iriam ter no "terreno o mais cedo possível os meios acordados”.

O que é verdade é que no final de Agosto, a mais antiga associação de arqueólogos portugueses denunciava que nada tinha sido feito para preservar os vestígios datados do paleolítico, que estão espalhados por mais de três mil metros quadrados.

A Direcção-Geral do Património explica no comunicado enviado à Renascença que estão previstas três fases de salvaguarda a começar com o reforço das equipas no terreno com especialistas em pré-história antiga, a realização de estudos geológicos com datação "radio-carbónica" e a criação de bolsas de investigação que permita o estudo dos achados.

Em causa estão vestígios de um acampamento dos últimos grupos de caçadores recolectores do paleolítico que terá sido habitado pelos mesmos povos que fizeram as gravuras de Foz Coa.