Tempo
|

Estado Novo. O "respeito e a disciplina" também estavam nos móveis

29 jul, 2014 • Pedro Rios

Exposição no Museu do Design e da Moda reúne cerca de uma centena de peças de mobiliário para edifícios públicos, de 1934 a 1974.

Estado Novo. O "respeito e a disciplina" também estavam nos móveis

Portugal, dizem, é um país de comités e comissões. Em 1940, estava o salazarismo viçoso, foi criada no Ministério das Obras Públicas a Comissão para Aquisição de Mobiliário. Havia que centralizar projectos e encomendas de móveis. O mobiliário utilizado em edifícios públicos em Portugal, durante quatro décadas de Estado Novo, são alvo de uma exposição no Museu do Design e da Moda (MUDE), em Lisboa.

"O respeito e a disciplina que a todos se impõe: Mobiliário para edifícios públicos em Portugal (1934-1974)" nasce de um projecto de investigação de João Paulo Martins, membro do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design da Faculdade de Arquitectura de Lisboa.

João Paulo Martins, curador da exposição, "estudou vários arquivos das obras públicas e percorreu o país, em busca dos edifícios e dos objectos considerados mais significativos", explica o MUDE na sinopse.

O regime vertia política para os móveis. Também através deles procurava encenar a imagem do Estado. Dava aos edifícios públicos "um mínimo de aprumo, equilíbrio e bom gosto", materializando "o respeito e a disciplina que a todos se impõe" (citações de um relatório da Comissão para Aquisição de Mobiliário).

A exposição, patente até 2 de Novembro, reúne cerca de uma centena de peças de mobiliário, vindos de edifícios como o Tribunal da Relação do Porto, o Parlamento, o Palácio de São Bento, a Companhia das Lezírias, a Cinemateca e a Biblioteca Nacional.

Quase sem excepções, esta é a primeira vez que estes móveis entram num museu.