17 abr, 2014
Em 2012, o seu irmão Jaime García Marquez dava conta de que lhe tinha sido diagnosticada uma demência, que perdera a memória e que não voltaria a escrever.
"Gabo", no verão de 1975, visitou Lisboa, para ver de perto a revolução que se desenrolava, e sobre a qual escreveu três reportagens para a revista "Alternativa", por si fundada.
A sua bibliografia é de pouco mais de 30 títulos, entre romances, novelas, crónicas, material jornalístico e uma autobiografia, "Vivir para contarla" ("Viver para contar"), de 2002, tendo sido também argumentista com o seu amigo, o escritor mexicano Carlos Fuentes.
"O amor em tempos de cólera", "Notícia de um sequestro", "O outono do patriarca", "Ninguém escreve ao coronel" são alguns dos seus títulos na área de ficção, tendo García Marquez sido distinguido com vários prémios, entre os quais o Romulo Gallegos, Neustadt de Literatura e o Nobel.
O discurso que leu em Estocolmo quando recebeu o Nobel de Literatura, em 1982, "A solidão da América Latina", tornou-se um texto de referência da sua obra literária.
Em 2010, quando editou "Yo no vengo a decir un discurso", em comunicado afirmou: "Lendo estes discursos, redescubro como mudei e fui evoluindo como escritor".
Natural de Aracataca, na Colômbia, onde nasceu no dia 6 de Março de 1927, ficou a viver nesta cidade com os avós, quando os pais se mudaram para Barranquilla. Ultrapassou um cancro linfático diagnosticado em 1999.
"A memória e a imaginação"
O coordenador do Plano Nacional de Leitura, Fernando Pinto do Amaral, destaca uma característica transversal na obra de Gabriel Garcia Marquez: uma aliança entre a memória, a cultura e a imaginação.
“O Garcia Marques teve a capacidade de conseguir aliar aquilo que é fundamental na ficção que é a memória e a imaginação. É um autor com uma imaginação extraordinária, muito rica, com um universo próprio, mas ao mesmo tempo descendo às raízes, mergulhando naquilo que eram as suas memórias de cultura, do seu país, da sua família, da sua infância”, disse.
Já a presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, revelou à Renascença que o Nobel português da Literatura disse um dia a Garcia Márquez que, se tivesse de salvar um livro, não salvaria “Cem Anos de Solidão”. A escolha de Saramago, apesar de gostar muito daquele livro, seria um outro, de 1961, intitulado “Ninguém Escreve ao Coronel”.
José Saramago e Garcia Márquez só haveriam de se conhecer pessoalmente no início dos anos 90, em Madrid, apesar de se terem conhecido bastante antes através dos livros.
[notícia actualizada às 00h30]