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“Precisamos de mais e bons servidores do Povo de Deus”

17 abr, 2014 • Eunice Lourenço

Cónego José Traquina será o novo bispo auxiliar de Lisboa e manifesta “alegria especial” por ir trabalhar com D. Manuel Clemente.

Recebe a nomeação com surpresa e confessa que há dias que não dorme bem. O cónego José Traquina, o “padre Traquina” como continua a ser chamado por paroquianos actuais e antigos, é o novo bispo auxiliar de Lisboa. A ordenação será no dia 1 de Junho, e receberá o título de bispo de Lugura, uma antiga diocese do Norte de África. Para o novo bispo auxiliar do Patriarcado o maior desafio da diocese é aumentar as vocações sacerdotais, religiosas e missionárias.

“Recebi esta nomeação há poucos dias com surpresa pela manifestação e confiança que o Santo Padre, o Papa Francisco me dá ao chamar-me para a ordem dos bispos. Acolho com humildade, mas não escondo que já estou há alguns dias sem dormir bem, porque sinceramente não estava à espera”, disse, em declarações à Renascença. E acrescentou: “Acolho com humildade, com espírito de serviço e peço ao Senhor da messe que me conceda a graça de responder com a fidelidade com que a diocese e o povo de Deus merecem.”

Nascido em Évora de Alcobaça há 60 anos, começou a trabalhar no comércio aos 11 anos, estudou á noite, foi furriel na Polícia do Exército e só entrou para o seminário já com 22 anos. Foi ordenado em 1983, com 29 anos. D. Manuel Clemente, foi seu professor e o cónego Traquina assume que tem “uma alegria especial” em ir colaborar de forma ainda mais próxima com o actual Patriarca. Juntos fizeram um dos cânticos mais conhecidos dos jovens e das crianças da catequese: “Nossa Senhora do Sim”, com letra de Manuel Clemente e música de José Traquina.

Formador no Seminário de Almada e no pré-seminário nos anos 80 e início dos 90, prior em várias paróquias da região Oeste (Bombarral, Roliça, Vale Côvo) nos anos seguintes, o padre Traquina foi nomeado cónego em 2003 e passados quatro anos assumiu o lugar de prior numa das maiores paróquias de Lisboa: Nossa Senhora do Amparo de Benfica. Actualmente, é também vigário de vara da Vigararia III da Cidade e director espiritual do Seminário dos Olivais.

Pela sua vasta experiência e conhecimento da diocese, elege o aumento de vocações como o grande desafio. “A diocese precisa de mais vocações religiosas e sacerdotais sem dúvida. É a maior diocese do país, é um desafio muito grande e o sr. Patriarca não pode enviar sacerdotes para as paróquias e para os movimentos se não os tiver”, afirma, acrescentando: “ Rezar pelas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias continua a ser um grande desafio. A oração, em primeiro lugar, mas também a sensibilização das comunidades e das famílias para esta necessidade.”

“Precisamos não só de mais sacerdotes e consagrados, mas sobretudo de mais e bons servidores do povo de Deus. Este povo de Deus merece, mas há-de ser também do mesmo povo de Deus que hão-de surgir estas vocações”, conclui o novo bispo auxiliar de Lisboa, um pároco que chega a bispo e que não se cansa de dizer que tem aprendido e enriquecido com o testemunho dos leigos com que tem trabalhado.