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Constâncio desmente Durão sobre o BPN

01 abr, 2014 • Daniel Rosário

Antigo governador do Banco de Portugal não se recorda de ter sido expressamente convocado, por três vezes, pelo então primeiro-ministro Durão Barroso, "para saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade”.

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio, desmente o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, sobre o caso Banco Português de Negócios (BPN).

Durão Barroso disse em entrevista ao “Expresso” e SIC ter chamado Vítor Constâncio três vezes a São Bento quando era primeiro-ministro, entre 2002 e 2004, para saber o que se passava no BPN, mas o então governador do Banco de Portugal reage dizendo que se recordaria se tal tivesse acontecido.

"Com certeza que me recordaria, é natural. Não me recordo ter sido convocado alguma vez, expressamente e exclusivamente, para falar sobre o BPN. Honestamente, não me recordo”, afirmou Vítor Constâncio aos jornalistas, à margem da reunião dos ministros europeus das Finanças, esta terça-feira, na Grécia.

Vítor Constâncio admite que das várias vezes em que se encontrou com Durão Barroso o tema BPN acabou por surgir, mas apenas numa ocasião e sem elementos concretos.

“Estive várias vezes com o então primeiro-ministro e falámos de muitas coisas e também sobre o BPN embora, repito, sem qualquer evidência de irregularidades concretas que pudessem ser imediatamente investigadas", sublinha o vice-presidente do BCE.

Nestas declarações aos jornalistas, Vítor Constâncio reafirmou a sua versão dos acontecimentos, segundo a qual apenas teve conhecimento da situação no BPN em 2008.

“Apenas em 2008 quando próximo dessa data as irregularidades, conforme verificámos depois, se tinham acumulado no BPN, recebemos uma carta anónima que permitiu uma investigação que conduziu, pouco tempo depois, à obtenção da confissão pela então recente gestão do banco de que existia uma dupla contabilidade no BPN, sendo que uma contabilidade era secreta para esconder irregularidades e perdas.”

Vítor Constâncio convocou os jornalistas portugueses para ler uma declaração sobre este assunto à margem da reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, que decorre em Atenas. Nas poucas perguntas a que respondeu limitou-se a repetir o teor da declaração e, no final, acrescentou apenas que do seu ponto de vista o assunto termina com esta tomada de posição.

Na entrevista ao "Expresso" e à SIC, Durão Barroso afirmou que, enquanto chefe de Governo português, chamou “três vezes Vítor Constâncio a São Bento para saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade”.

O deputado social-democrata Duarte Marques entregou segunda-feira um requerimento no Parlamento para que o Banco de Portugal esclareça o que fez para fiscalizar o BPN e se Constâncio foi alertado para o assunto pelo então primeiro-ministro.

[notícia actualizada às 23h00]