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Manifestação

Polícias invadiram a escadaria do Parlamento

21 nov, 2013 • Ricardo Vieira e Celso Paiva Sol

Incidente aconteceu durante manifestação das forças de segurança. Polícia de choque recuou e não carregou sobre os colegas de trabalho, que pediram a demissão do Governo.

Polícias invadiram a escadaria do Parlamento
Manifestação das forças de segurança, desta quinta-feira em Lisboa, resultou na invasão das escadarias do Parlamento. Os manifestantes, que protestavam contra a austeridade diante da Assembleia da República, derrubaram as barreiras metálicas de protecção, passaram pelo contingente policial e invadiram a escadaria. A polícia de choque não carregou sobre os colegas de trabalho.

A manifestação das forças de segurança portuguesas, que foi marcada para esta quinta-feira em Lisboa, resultou na invasão das escadarias do Parlamento. Os manifestantes, que protestavam contra a austeridade diante da Assembleia da República, derrubaram as barreiras metálicas de protecção, passaram pelo contingente policial e invadiram a escadaria.

O incidente aconteceu pouco antes das 21h00. Perante o avanço dos manifestantes, o corpo de intervenção recuou até às portas da Assembleia da República e não carregou sobre os colegas de trabalho. A zona das escadarias é de acesso proibido aos manifestantes nos demais protestos do género.

Depois da invasão, foi criado um novo cordão de segurança, de forma a proteger o acesso ao Parlamento. O contingente policial que se encontrava a proteger as escadarias tinha sido reforçado minutos antes por elementos da polícia de choque.

Após acederem às escadarias, os manifestantes cantaram o hino nacional de costas para a Assembleia e gritaram palavras de ordem como "invasão, invasão", "demissão, demissão" e "polícias unidos jamais serão vencidos".

Empunhando várias bandeiras e cartazes, os manifestantes dirigiram palavras ao Governo: "Passos, escuta, os polícias estão em luta" e "está na hora de o Governo ir embora". A canção "Grândola, Vila Morena", que foi uma das senhas da revolução de 25 de Abril de 1974, também foi entoada pelos presentes.

Antes da invasão das escadarias, um manifestante ficou ferido em circunstâncias ainda por apurar, aparentemente, sem consequências graves, apurou a Renascença.

Durante o protesto, que começou no Largo do Camões, pelas 17h30, a Renascença confirmou o rebentamento de três petardos. O incidente não terá causado feridos. Também circulou entre os manifestantes um papel não assinado que sugere uma greve às multas já em Dezembro.

As forças de segurança contestam os cortes previstos nos vencimentos e nos orçamentos das instituições policiais em 2014. A organização diz que é a maior manifestação de sempre das forças de segurança.

O protesto foi organizado pela comissão coordenadora permanente dos sindicatos e associações dos profissionais das forças e serviços de segurança, que congrega GNR, PSP, Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, Polícia Marítima, Guardas Prisionais e Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). A iniciativa contou ainda com a presença de inspectores da Polícia Judiciária e elementos das polícias municipais.

A invasão das escadarias do Parlamento por parte de manifestantes é um cenário sem paralelo nas últimas décadas em Portugal. Em Outubro do ano passado, os ânimos subiram de tom durante uma manifestação, mas as forças de segurança responderam com uma carga sobre as pessoas que protestavam contra a austeridade. Várias manifestantes ficaram feridas e dezenas foram detidos.

[notícia actualizada às 21h31]