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Portugal lamenta incómodo ao presidente da Bolívia

06 jul, 2013

Portugal não autorizou aterragem do avião de Evo Morales por "considerações técnicas". Chefe da diplomacia boliviano diz que foi por "suspeitas infundadas" de que o fugitivo americano Edward Snowden estava a bordo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros "lamenta qualquer incómodo" causado ao Presidente da Bolívia, mas não esclarece se haverá um pedido de desculpas formal por causa do
incidente com o avião de Evo Morales. 

"Portugal sempre manteve a autorização de sobrevoo do seu território e, como foi referido desde o início, lamenta qualquer incómodo junto do Presidente Evo Morales", disse numa declaração escrita enviada à agência Lusa, o porta-voz do Ministério, Miguel Guedes, escusando-se a esclarecer se tal significa que Portugal irá pedir desculpas formais às autoridades bolivianas como exige a Unasul.

Miguel Guedes sublinhou ainda que "Portugal tem uma política de comprovada e reforçada amizade" com a América Latina e com os países da Unasul.
 
Em comunicado anterior, o Ministério dos Negócios Estrangeiros adiantava que o avião do Presidente Evo Morales tinha sido autorizado a aterrar e reabastecer em Lisboa, no dia 30 de Junho, quando se dirigia de La Paz para Moscovo e que a 1 de Julho, às 16h28, Portugal comunicou às autoridades da Bolívia que a autorização de sobrevoo e aterragem, solicitada para o percurso de regresso Moscovo/La Paz, "estava cancelada por considerações técnicas".

Perante o pedido de esclarecimento das autoridades bolivianas, foi concedida autorização de sobrevoo depois das 21h10, mantendo-se a proibição de aterragem, ainda segundo o mesmo comunicado.

Os presidentes dos seis países-membros da União das Nações da América do Sul (Unasul) exigiram na quinta-feira que Espanha, Portugal, França e Itália peçam desculpas públicas pela recusa em autorizar o sobrevoo e/ou a aterragem do avião do Presidente Evo Morales na terça-feira.
 
O Presidente boliviano, que regressava a casa após uma viagem à Rússia, foi assim obrigado a uma escala forçada de 13 horas em Viena, tendo partido na quarta-feira rumo à capital boliviana, com escalas nas ilhas espanholas das Canárias e no Brasil. 
 
Na terça-feira, Portugal, França, Espanha e Itália recusaram o sobrevoo ou aterragem nos seus territórios do avião presidencial boliviano, que regressava de Moscovo a La Paz, devido a suspeitas de que o ex-consultor da CIA Edward Snowden, acusado de espionagem pelos Estados Unidos, estaria a bordo, segundo as autoridades bolivianas.  
 
Miguel Guedes disse sobre este assunto que "Portugal não interfere na posição de cada país sobre o'caso Snowden'", sem clarificar.