Presidente da Câmara quer deslocar monumento evocativo da justiça popular.
Há 30 anos que o monumento de homenagem à Justiça em Fafe está paredes meias com o tribunal da comarca. Mas a autarquia pondera agora deslocá-lo, alegando choque entre a Justiça do Estado de Direito e a popular. A população não quer ver a estátua deslocada nem um centímetro donde está.
“Acho que deve ficar ali”. “Não faz mal a ninguém”. “Não concordo com a deslocação do monumento”. “O espaço tem que ser respeitado e requalificado”, dizem os fafenses.
“A valorização deste símbolo pode conseguir-se com a deslocalização, mas aceito e admito que a requalificação daquele espaço permita assegurar também esse objectivo”, afirma, por seu lado, o presidente da Câmara de Fafe, José Ribeiro, um adepto da deslocalização da estátua.
O que interessa, defende, é a separação de justiças e a valorização do símbolo.
“Associava-se à justiça de Fafe o cacete. Os fafenses eram caceteiros, essa carga foi desaparecendo e hoje a expressão que se usa mais é 'Com Fafe ninguém fanfe', ou seja, ninguém se meta com os de Fafe”.
A lenda de justiça de Fafe remonta ao século XVIII. Reza a história que houve um desacato entre um visconde e um marquês por causa de um atraso na chegada a uma sessão das cortes. Na época, os conflitos resolviam-se em duelo e a arma escolhida foram os paus, tendo sido o símbolo escolhido pelo município.