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Especialista diz haver motivos para repensar publicação de estatísticas pelo INE

05 ago, 2015

Francisco Madelino fala sobre discrepâncias nos valores do desemprego.

A taxa de desemprego caiu no segundo trimestre e fica cinco décimas abaixo do valor divulgado há apenas seis dias quando a estimativa mensal apontava para uma taxa de desemprego de 12,4%. A Renascença foi perceber as razões para dados tão diferentes no que diz respeito aos dados do desemprego.

O valor revelado pelo Instituto Nacional de Estatística é o mais reduzido dos últimos quatro anos. Tudo tem a ver com questões metodológicas, ou seja, a forma como são calculadas as taxas de desemprego das estimativas mensais e dos valores trimestrais.

Francisco Madelino, antigo presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional e actual professor universitário, diz que são motivos para repensar a forma como o INE faz a publicação de estatísticas.

“Este é um momento onde se terá de reflectir sobre a oportunidade de apresentar taxas mensais quer, por outro lado, de verificar a qualidade do modelo já que as variações dos dados mensais têm sido muito elevadas e têm dificuldade de aderir à realidade demonstrada pelos inquéritos trimestrais”, disse.

Quanto a comparações com 2011, antes da chegada da troika, Francisco Madelino afirma que tal pode ser feito, mas com cuidados redobrados.

“Imigração, desencorajamento e o volume de pessoas ocupadas em medidas de emprego e formação profissional não têm qualquer comparação com 2011, embora a economia no último ano e meio começou a crescer tenuemente e portanto ao começar a crescer a economia começa ela própria a contribuir para haver criação líquida de emprego”, acrescentou.

O antigo presidente do Instituto de Emprego pede cuidados na leitura dos dados do desemprego. Foi de 11,9%, uma descida de 1,8 pontos percentuais em relação aos primeiros três meses do ano.