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Medina desvaloriza sondagens apertadas para o PS. "Ainda é cedo"

23 jun, 2015 • José Pedro Frazão

Morais Sarmento diz que há seis meses não acreditava numa sondagem que desse vantagem ao PSD e CDS e recorda que foi precisamente há meio ano que António Costa assumiu a liderança do PS.  

Medina desvaloriza sondagens apertadas para o PS. "Ainda é cedo"
No Falar Claro desta semana, o autarca de Lisboa diz que ainda é cedo para haver preocupações sobre a última sondagem que dá vantagem de um ponto percentual à coligação. Já Nuno Morais Sarmento diz que há seis meses não acreditaria numa sondagem destas, lembrando que foi há meio ano que António Costa assumiu a liderança do partido.
O socialista Fernando Medina considera que “ainda é cedo para a escolha” e desvaloriza, assim, as sondagens recentes que colocam o Partido Socialista atrás da coligação.

O autarca de Lisboa debateu com Nuno Morais Sarmento a última sondagem da Universidade Católica que dá à coligação PSD/CDS uma vantagem de um ponto percentual sobre o PS, dentro da margem de erro.

O dirigente socialista e actual Presidente da Câmara de Lisboa desvaloriza a sondagem que pela primeira vez nos tempos mais recentes mostra a coligação com mais intenções de voto.

“Não atribuo a esta sondagem nenhum valor diferente das outras sondagens. Acho que elas têm dito basicamente o mesmo, nem se têm afastado muito ao longo do tempo. Mostram de forma indistinta o PS à frente, mostra um número importante de indecisos e mostram factores de natureza subjectiva que ajudarão a favorecer o Partido Socialista num momento de maior polarização”, diz o antigo número dois de António Costa na Câmara de Lisboa, convidado esta semana do programa Falar Claro.

O dirigente socialista sustenta que as sondagens mostram que o Partido Socialista apresenta “melhores e mais credíveis propostas do que o governo. Em segundo lugar, mais importante ainda, destacam as características pessoais de António Costa como mais positivas do que as de Passos Coelho”.

Questionado sobre a falta de correspondência nas intenções de voto, Medina desdramatiza. “É ainda cedo. As eleições serão em Outubro, há férias pelo meio, não há uma tensão do ponto de vista da escolha do momento eleitoral. Creio que isso vai acontecer mais em cima do momento eleitoral”.

Uma “errata de Governo”
Por sua vez, Morais Sarmento não esconde a satisfação com os resultados desta sondagem.

“A coligação, como está hoje, a disputar uma vitória, já é uma vitória absolutamente extraordinária e inesperada. Eu há seis meses não admitia a possibilidade de estarmos nesta situação. O que é que aconteceu há seis meses? Foi o tempo em que António Costa leva de liderança do Partido Socialista. Seis meses volvidos, qualquer que seja a dificuldade do exercício, a situação é esta”, diz o antigo ministro do PSD para quem as propostas do PS não representam “uma visão, um sonho, uma ideia de país diferente”.

“O PS está a apresentar-se não como verdadeira alternativa, mas como errata do programa do governo”, ataca Sarmento, que sublinha já ter criticado a coligação por não apresentar essa visão de futuro. “Mas em bom rigor quem a deve apresentar é o Partido Socialista”, insiste o social-democrata.

Fernando Medina insiste na tese de que estas leituras políticas são ainda prematuras.

“Acho que é cedo na escolha, daí o número significativo de indecisos. Acho que vai haver uma polarização que se vai acentuar nos próximos meses, em particular quando chegarmos mais perto das eleições. A partir de Setembro vamos começar a ver uma maior dinâmica de polarização. Os indicadores que existem favorecem o Partido Socialista. Vejo a coligação com mais dificuldade para agregar, face ao que tem sido o seu discurso”, antecipa Medina.

Morais Sarmento contrapõe. “Quando se fala em número elevado de indecisos, isso é a demonstração da inexistência de um projecto claro de alternativa, independentemente se no último dia votam ou não no PS. Será já de remedeio. Não é nenhum projecto que motive, que galvanize. É pena”, diz.