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Por cada falência estão a nascer seis novas empresas em Portugal

11 jun, 2015 • João Carlos Malta

Nos primeiros cinco meses do ano, as falências estabilizaram em relação ao mesmo período do ano passado. Já a constituição de novas empresas cresceu 11,2%.

Por cada falência estão a nascer seis novas empresas em Portugal

O número de empresas insolventes mantém-se estável, mas há cada vez mais novas empresas a serem criadas, segundo dados divulgados esta quinta-feira pela consultora Ignios.

Entre Janeiro e Maio de 2015, foram registadas 3.487 empresas insolventes em Portugal. O número mantém-se inalterado comparando com igual período de 2014. Mas há boas notícias: o panorama da constituição de empresas é de "crescimento".

As 17.933 empresas criadas nos primeiros cinco meses do ano representam um aumento de 11,2% na comparação com 2014. Até Maio, por cada empresa que termina há seis novas que são criadas.

A consultora faz notar que, depois da "tendência crescente nas insolvências iniciada em 2008 e apenas invertida no ano passado, 2015 tem confirmado a resiliência do tecido empresarial português, com o número de empresas insolventes a manter-se inalterado face a 2014".

O director executivo da Ignios, António Monteiro, considera, em comunicado, que "2015 está a ser marcado pela desaceleração das insolvências, o que, tendo em conta a conjuntura dos anos anteriores e o respectivo comportamento do tecido empresarial nacional, não deixa de ser um balanço positivo".

"Analisando os primeiros cinco meses do ano desde 2008, a tendência até 2013 foi de crescimento dos níveis de insolvência, sendo apenas interrompido no ano passado. E este ano, confirma esta inversão de tendência", diz António Monteiro.

Litoral, a faixa em maior mutação
Os distritos de Lisboa, Porto, Aveiro, Setúbal e Braga têm as duas faces da mesma moeda. Continuam a ser dominantes quer enquanto destino de constituição de novas empresas, quer enquanto palco de insolvências.

Nas insolvências, registo ainda positivo para Leiria, Faro e Santarém, que registaram descidas no número de empresas insolventes de, respectivamente, 5,6%; 24,5% e 13,3%. Em sentido contrário, Coimbra (+17,1%), Évora (+32,7%), Vila Real (+26,5%) e Viana do Castelo (+6,3%) sofreram um aumento importante nas insolvências.

Braga lidera as insolvências, com um aumento de 21,9%, devido sobretudo ao sector do vestuário, e Setúbal (+11,6%). Ambos aumentaram o número de empresas insolventes nos primeiros cinco meses do ano.

Carros são motor do crescimento de novos negócios
Na análise por sectores de actividade, os serviços dependentes da procura interna e de consequentes importações constituem a maioria das insolvências, mas, não obstante, registaram, em geral, uma inflexão de crescimento, com excepção de algumas áreas como os transportes terrestres (+32,7% de insolvências) e a restauração (+5,5%).

A crescer está o comércio automóvel, que regista um dos aumentos mais expressivos em termos relativos (+21,9% para 657 empresas), favorecido pelo aumento de volume de negócios; assim como a hotelaria e restauração, sector que aumentou 16,4% o número de empresas criadas em relação a 2014 e lidera os aumentos em termos absolutos (+296 empresas), com 1.670 constituições de restauração e 429 de alojamento.

A informação recolhida pela Ignios contempla todas as constituições de empresas publicadas pelo Instituto dos Registos e Notariado e todas as acções de insolvência publicitadas também pelo Ministério da Justiça, no portal Citius.