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Conheça as sete maravilhas desaparecidas do Porto

31 mar, 2015

Há uma cidade que já não existe, mas que ainda encanta. O projecto Porto Desaparecido fez uma eleição "online" para escolher as “maravilhas” desaparecidas da cidade. Conheça-as todas.

Conheça as sete maravilhas desaparecidas do Porto
O Palácio de Cristal é a maior "maravilha desaparecida" do Porto, seguida da calçada portuguesa e dos jardins da Avenida dos Aliados. O "pódio" fica completo com a Ponte Pênsil.

A página de Facebook Porto Desaparecido, com cerca de 70 mil seguidores, deu a escolher entre 32 candidatos. E o povo, através da internet, e escolheu as Sete Maravilhas Desaparecidas do Porto.

1. Palácio de Cristal (1865-1951)
"Inaugurado em 1865 no campo da Torre da Marca, o palácio foi projectado pelo arquitecto inglês Thomas Dillen Jones, tendo o Crystal Palace londrino por modelo. Media 150 metros de comprimento por 72 metros de largura e era dividido em três naves. Concebido para acolher a grande Exposição Internacional do Porto, ao longo dos seus 86 anos de existência, o palácio acolheu largas centenas de grandes exposições, destacando-se a Exposição Agrícola de 1903 e a Exposição Colonial de 1934. O palácio foi também um importante espaço de cultura, ostentando um órgão de tubos, considerado um dos maiores do mundo, e onde se realizaram importantes concertos do compositor Viana da Mota ou da virtuosa violoncelista Guilhermina Suggia. A pretexto da realização do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins no Porto, o palácio acabou por ser ingloriamente destruído em 1951, tendo-se erguido no seu lugar uma nave de betão armado, a que foi dado o nome de pavilhão dos Desportos (hoje pavilhão Rosa Mota). Dos velhos tempos ficaram os jardins e a designação de ‘palácio de Cristal’ ainda aplicada àquele espaço."

2. Calçada portuguesa e jardins dos Aliados (1882-2005)
"À semelhança do que, anos antes, tinha sido feito no Rossio, em Lisboa, em 1882, a placa central da então praça de D. Pedro, hoje da Liberdade, foi calcetada com pequenas pedras de calcário e basalto, justapostas em faixas de cor alternadas – a conhecida ‘calçada portuguesa’. Em 1915, aquando da abertura da avenida dos Aliados, a escolha recaiu sobre o mesmo tipo de pavimento para os passeios e placas centrais, aqui complementado com canteiros ajardinados. Em 2005, no âmbito de um projecto de arranjo urbanístico da chamada ‘sala de visitas da cidade’, este pavimento foi substituído por granito, conforme projecto dos arquitectos Siza Vieira e Souto Moura. Hoje, uma extensão considerável de calçada portuguesa subsiste ainda na rua de Sampaio Bruno e em poucos mais arruamentos da Baixa portuense."

3. Ponte Pênsil (1842-1887)
"Oficialmente denominava-se ponte D. Maria II, mas era mais conhecida como ponte Pênsil. Começou a ser construída em 1841, sendo precipitadamente aberta ao público a 17 de Fevereiro de 1843, sem qualquer solenidade, na sequência de grandes cheias do Douro que obrigaram a desmontar com urgência a antiga ponte das Barcas. (…) Com pilares de cantaria de 18 metros de altura, o tabuleiro da ponte tinha 170 metros de comprimento e seis de largura, sendo suportada por oito cabos constituídos por fios de ferro. A ponte Pênsil veio assegurar uma melhoria significativa das comunicações entre as duas margens, substituindo a periclitante ponte das Barcas. Manteve-se em funcionamento durante 45 anos, até ser substituída pela ponte Luís I, construída ao seu lado. Actualmente restam apenas os pilares e as ruínas da casa da guarda, na margem direita, classificados como Imóveis de Interesse Público desde 1982."

4. Porta de Vandoma (séc. III(?) - 1855)
"Foi a principal porta da muralha primitiva da cidade, durante séculos encimada pela imagem de Nossa Senhora de Vandoma, padroeira da cidade. Segundo a lenda, D. Nónego, prelado francês de Vendôme, veio combater os mouros na sitiada cidade do Porto. Saindo vitorioso, o prelado terá colocado uma imagem da Virgem na porta principal da muralha que, por isso, se passou a chamar porta de Vandoma. Independentemente da verdadeira origem da estátua, o facto é que a Virgem de Vandoma na porta da muralha passou a assumir-se como o símbolo heráldico da cidade do Porto desde a Idade Média até aos nossos dias. A porta de Vandoma ficava na actual calçada de Vandoma e foi demolida em 1855. A imagem foi recolhida na Sé do Porto, com altar próprio."

5. Café A Brasileira (1903-2010)
"Foi fundado pelo 'brasileiro' Adriano Teles como pequena loja de venda de café, servindo gratuitamente a todos os clientes uma chávena do líquido aromático, assim como um pequeno jornal que ele próprio elaborava. Adriano Teles soube tirar o melhor partido das técnicas publicitárias, espalhando por todo o país o seu slogan "O melhor café é o da Brasileira". O sucesso ditou a ampliação do estabelecimento em 1916, pela aquisição dos prédios contíguos, entre as ruas de Sá da Bandeira e do Bonjardim. Na década seguinte, após profundas obras de remodelação, "A Brasileira" reabriu com uma decoração luxuosa, tornando-se no local de passagem obrigatória da elite portuense, acolhendo artistas, boémios, escritores, jornalistas e políticos que ali se reuniam para tomar café e para discutir os temas do momento. A partir da década de 1940, foi local de encontro de opositores ao Estado Novo. Virgínia Moura e Carlos Cal Brandão foram seus clientes assíduos."

6. Estádio das Antas (1952-2004)
"Construído para substituir o campo da Constituição, o ‘estádio do Futebol Clube do Porto’, na designação oficial, ocupava 63.220 m2, tendo inicialmente capacidade para 44 mil espectadores, distribuídos por três bancadas – duas superiores e uma lateral. O lado leste do campo não tinha bancada, sendo chamado porta da Maratona. O estádio foi inaugurado em 1952, numa pomposa cerimónia que contou com a presença do então Presidente da República, Craveiro Lopes. (…) Com a inauguração do estádio do Dragão em Novembro de 2003, o velho estádio das Antas acabou por ser demolido em Março e Abril de 2004. Nos 52 anos de existência, no estádio das Antas, o FC Porto sofreu 80 derrotas, empatou 119 vezes e venceu 803 jogos."

7. Estação de Recolha da Boavista (1874-1999)
"A chamada 'remise' dos elétricos foi uma das principais infra-estruturas de apoio ao sistema de transportes públicos do Porto. Foi edificada em 1874, para servir de sede e oficina da Companhia Carris de Ferro do Porto. O edifício original foi vítima de um grande incêndio em 1928, o que levou à construção de uma nova 'remise' com vinte portas. Este segundo edifício acabou por ser demolido em 1999 para dar lugar à Casa da Música."

Textos: Porto Desaparecido