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Papa: Abandono dos idosos é "pecado mortal"

04 mar, 2015 • Ângela Roque

Francisco contou um caso particular da sua experiência em Buenos Aires. "Oito meses sem ser visitado pelos filhos! Oito meses abandonado! A isto chama-se pecado mortal. Entendido?"

Papa: Abandono dos idosos é "pecado mortal"
O abandono dos idosos foi hoje considerado pelo Papa um “pecado mortal”. Na audiência-geral desta desta quarta-feira, no Vaticano, Francisco condenou a forma como as sociedades modernas tratam os mais velhos, considerando que a qualidade de uma “civilização” se mede pela forma como se respeitam os idosos, "a reserva de sabedoria do nosso povo". Esta foi uma primeira de duas catequeses que o Papa pretende dedicar aos idosos. A segunda terá lugar na audiência-geral da próxima semana.

Descartar e desprezar os idosos é um "pecado mortal", disse, esta quarta-feira, o Papa Francisco.

Na audiência-geral desta quarta-feira, Francisco recordou que quando era arcebispo de Buenos Aires, na Argentina, costumava visitar lares de idosos, onde perguntava às pessoas se os familiares os acompanhavam. E, para mostrar que abandonar pais e avós é um "pecado mortal", aludiu a um caso particular em que a última visita dos filhos tinha acontecido no Natal, quando se estava já em Agosto.

"Oito meses sem ser visitado pelos filhos! Oito meses abandonado! A isto chama-se pecado mortal. Entendido?", disse Francisco.

O Papa lembrou que a Igreja não pode tolerar estas atitudes e desafiou os cristãos a cuidarem dos mais velhos.

"Devemos despertar o sentimento coletivo de gratidão, apreço, hospitalidade, que faça sentir ao idoso que este é parte activa da sua comunidade. Porque os idosos são homens e mulheres, pais e mães, dos quais recebemos muito", afirmou.

"Todos nós, os idosos, somos algo frágeis; há alguns, no entanto, que são particularmente fracos, muitos estão sós a braços com a doença. Alguns dependem de cuidados indispensáveis e da atenção dos outros. Mas, por esse motivo, vamos dar um passo atrás? Vamos abandoná-los ao seu destino?", perguntou Francisco.

O Papa defendeu que a qualidade de uma "civilização" se mede também pela forma como se respeitam os idosos porque disso também depende o futuro: "Uma sociedade sem proximidade, onde a gratuidade e o afecto desinteressado vão desaparecendo, mesmo para com os de fora da família, é uma sociedade perversa. A Igreja, fiel à palavra de Deus, não pode tolerar tais degenerações. Onde não são honrados os idosos não há futuro para os jovens."

Esta foi uma primeira de duas catequeses que o Papa pretende dedicar aos idosos. A segunda terá lugar na audiência-geral da próxima semana.