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Xanana escreve a membros do Governo a dizer quem fica e quem sai

26 jan, 2015

Promover e consolidar a unidade nacional em Timor-Leste é essencial para a estabilidade e desenvolvimento do país e para evitar crises como a que ocorreu em 2006, defende o primeiro-ministro.

Xanana escreve a membros do Governo a dizer quem fica e quem sai
O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, escreveu a todos aos 55 membros do seu governo a dizer se ficam ou não no novo Executivo. Os que saem que devem preparar-se para se demitir até 1 de Fevereiro.

Fonte do executivo timorense disse à agência Lusa que as cartas "eram de dois tipos": para os que vão continuar no Governo, a pedir para se prepararem "para a nova estrutura", e para os que saem, para que se preparem para a resignação.

A mesma fonte confirmou que uma das pessoas que não vai fazer parte do novo executivo é a ministra das Finanças, Emília Pires, que terá até, segundo outra fonte, formalizado já a sua demissão. Posição idêntica terá tido também a vice-ministra das Finanças, Santina Cardoso e o ministro dos Transportes, Pedro Lay.

O ministro do Petróleo e Recursos Minerais, Alfredo Pires, é um dos governantes que deixa o executivo, no âmbito da reestruturação, confirmou fonte do seu gabinete.

Esta segunda-feira, o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, disse que membros do partido podem participar no próximo Governo, não em nome do executivo, mas de forma individual, como "elementos válidos" que podem contribuir para corrigir distorções.

Questionado sobre se existiram já convites a membros do partido, o líder do maior partido da oposição timorense disse que os convites "são a pessoas da Fretilin e não à Fretilin".

Recuperar o "orgulho de ser timorense"
O primeiro-ministro timorense considerou que promover e consolidar a unidade nacional em Timor-Leste é essencial para a estabilidade e desenvolvimento do país e para evitar crises como a que ocorreu em 2006.

Intervindo num seminário em Díli sobre identidade e memória, Xanana Gusmão considerou ainda que as "desigualdades de oportunidade, económicas e sociais" são uma "ameaça grave" à reconstrução. "Em Timor-Leste temos que valorizar a tolerância e promover a unidade da diversidade, que é essencial para a estabilidade e desenvolvimento", disse, dirigindo-se a uma plateia dominada por jovens estudantes.

"Os nossos jovens devem perpetuar essa tradição de reconciliação e de diálogo, unindo os timorenses para uma causa maior que é o desenvolvimento do país, como os vossos pais e avós se uniram no passado pela causa da libertação nacional", sublinhou.

Xanana disse que os timorenses devem aprender com os erros do passado, especialmente com a crise política de 2006, que "revelou a fragilidade das instituições" com os "conflitos de ordem económica, política sociocultural a aumentar o sentimento de instabilidade", causando "incalculáveis danos financeiros e políticos".

"Temos que recuperar o orgulho de ser timorense. Não no sentimento de resistência, mas para a agenda do desenvolvimento e afirmação internacional, criando um Estado pacífico, tolerante e unido", disse.