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Fora da Caixa

Santana Lopes defende que divulgação de caderno de encargos poderia “facilitar diálogo” na TAP

20 dez, 2014 • José Pedro Frazão

No programa “Fora da Caixa” da Renascença, Pedro Santana Lopes defende que o Governo já devia ter apresentado as condições de privatização da TAP. Para António Vitorino, a questão essencial da privatização é saber se o capital é credível.

O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes lamenta que o Governo ainda não tenha divulgado o caderno de encargos com as condições para a privatização da TAP, porque teria facilitado o diálogo com os sindicatos.

“É pena que, no caso da privatização da TAP, o Governo ainda não tenha colocado em cima da mesa o caderno de encargos, porque julgo que já teria contribuído para facilitar, eventualmente, o diálogo com as forças sindicais e com os partidos da oposição”, afirma o antigo líder do PSD em declarações ao programa “Fora da Caixa”, da Renascença.

“Quando se diz: ‘se retirarem a greve podiam influenciar o caderno de encargos’. Mas para retirar a greve era bom ter uma ideia de qual era o caderno de encargos”, assinala o antigo líder do PSD.

O Governo decretou a requisição civil para os quatros dias de greve, entre o Natal e o Ano Novo.

No programa “Fora da Caixa”, da Renascença, o antigo comissário europeu António Vitorino afirma que uma greve de pilotos ou de controladores tem sempre um grande impacto e, por isso, é que a função reguladora do Estado é necessária, nomeadamente através dos serviços mínimos.

Para António Vitorino, “a questão essencial da privatização da TAP é se o capital é credível, sustentável e se está em linha com os interesses fundamentais do Estado português”.

António Vitorino considera “ousada” a ideia do Governo de avançar já para a privatização maioritária da companhia aérea, “antes de ter a certeza de que o parceiro privado está verdadeiramente alinhado com os objectivos fundamentais”.

O problema urgente da empresa, diz o antigo ministro socialista, “não é tanto a de entregar a gestão a privados, é de permitir a injecção de capital para resolver o problema fundamental da dívida da TAP”.

Pedro Santana Lopes questiona: e quem que estará disponível para investir e ficar só com 49% da empresa? António Vitorino diz que é uma boa pergunta e responde: “Alguém que encontre na TAP sinergias”.

O antigo comissário europeu compreende que o Estado tenha interesse numa companhia de bandeira, por razões de soberania, de exploração dos mercados Brasil e África, que são vantagens ser for possível manter o “hub” (centro de operações) de Lisboa. Resta saber se isso é suficiente para tornar uma TAP sustentável.

Pedro Santana Lopes reconhece que manter o “hub” de Lisboa “é essencial” e os privados interessados na TAP devem ter isso em conta.

O "Fora da Caixa", que pode ouvir sexta-feira a partir das 23h00, na Edição da Noite, é uma colaboração da Renascença com a Euranet Plus, rede europeia de rádios.