Emissão Renascença | Ouvir Online

António Costa "arriscou reorientar o PS à esquerda"

02 dez, 2014 • Raquel Abecasis

Antigo ministro Luís Amado lamenta "a humilhação pública" e o "espectáculo circense" à volta do caso José Sócrates.

António Costa "arriscou reorientar o PS à esquerda"
Em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado considera que a estratégia saída do último congresso de reorientar o PS à esquerda "é arriscada, mas compreensível". Luís Amado lamenta "a humilhação pública" e o "espectáculo circense" à volta do caso José Sócrates.

A estratégia saída do último congresso do Partido Socialista é arriscada, mas compreensível, afirma o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado em declarações ao programa "Terça à Noite" da Renascença.

"Há uma clara reorientação estratégica do partido. Acho que essa reorientação, sendo arriscada, é compreensível. Veremos o que [nas eleições] em Outubro os portugueses nos dizem, porque só mesmo em Outubro se pode ajuizar plenamente o mérito ou demérito dessa orientação", refere Luís Amado.

O ex-chefe da diplomacia portuguesa diz que António Costa inspira-se na sua própria experiência política na Câmara de Lisboa, "onde conseguiu conquistar o eleitorado a esquerda".

Quanto ao sinal dado por António Costa, de que não está disponível para entendimentos à direita, Luís Amado considera que esse caminho não está fechado.

Citando Manuel Alegre, diz que "o conceito chave do PS do ponto de vista estratégico é o da sua autonomia, a autonomia estratégica do partido, seja na relação à esquerda, seja na relação à direita".

"Creio que, se esse princípio for bem referenciado nas opções que a liderança fizer, seja na relação com a esquerda seja na relação com a direita, é possível que o PS não fique mal no fim de todo este processo e saia reforçado", sublinha.

Sobre o caso José Sócrates, Luís Amado evita fazer comentários ao caso em concreto, mas lamenta "a humilhação pública" e o "espectáculo circense" à volta do caso.

O antigo ministro dos governos de José Sócrates acrescenta que a situação é má para a justiça e para a imagem de Portugal no exterior.