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Cimeira da NATO

NATO vai ter força rápida para crises como Ucrânia

03 set, 2014 • José Bastos

Estrutura de quatro mil militares terá capacidade de intervenção em 48 horas para "responder a todos os desafios de segurança onde quer que tenham lugar".

NATO vai ter força rápida para crises como Ucrânia

Os chefes de Estado e de Governo da NATO vão dar luz verde à criação de uma força militar de “vários milhares” de soldados que poderá actuar em qualquer cenário em “poucos dias” para responder a uma crise como a da Ucrânia.

Esta é uma das decisões que será formalmente adoptada na cimeira da Aliança que a partir do meio-dia desta quinta-feira terá lugar na cidade galesa de Newport, a 19 quilómetros de Cardiff.

A nova força rápida faz parte do plano de acção que a NATO prepara como parte da resposta à intervenção russa na Ucrânia, mas pretende também ser um mecanismo para “responder a todos os desafios de segurança onde quer que tenham lugar”.

O secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, classificou, esta semana, o novo instrumento como “ponta de lança” da actual Força de Reacção Rápida da NATO que pode ter até 13 mil efectivos.

De acordo com várias fontes militares citadas na imprensa internacional, a nova força poderá ser integrada por quatro a seis mil militares com um comando próprio e deverá ser capaz de se deslocar para um cenário de crise.

Os números exactos da nova estrutura serão  conhecidos depois do encerramento, esta sexta-feira, da Cimeira de Newport/Cardiff e dependerão de novas recomendações das autoridades militares aliadas, sendo também condicionados pela “situação e ameaças concretas”.

Reforços no leste, mas sem bases permanentes
O plano contempla igualmente a criação de infra-estruturas necessárias para garantir um reforço rápido sobre o terreno em posições de países da NATO no leste da Europa, mas Rasmussen deixou claro que “não está decidido o seu número”.

A maioria dos países membros da NATO rejeitava a ideia de criar bases permanentes nos países do leste da Europa, tese inicialmente defendida por Estados Unidos e Grã-Bretanha. Fontes diplomáticas indicam que na declaração final da cimeira os aliados tentarão evitar classificar a Rússia como “adversário”.

A liderança da NATO confirmou que as medidas de reforço respeitarão o acordo com a Rússia de 1997 que limita a presença permanente de tropas aliadas nos países de leste, integrantes da organização.

Na cimeira de Newport/Cardiff aguarda-se também que os aliados se comprometam a aumentar a contribuição orçamental à defesa comum. Em causa os objectivos da NATO de destinar 2% do PIB à defesa e 20% à investigação tecnológica à medida a que a recuperação económica avançar.

Desafio do ISIS
Outro dos temas que previsivelmente dominará a cimeira de Newport/Cardiff é o avanço das forças do auto denominado Estado Islâmico (ISIS) na Síria e Iraque.

O Presidente norte-americano Barack Obama deverá pedir ao resto dos aliados que apoiem os esforços de Washington contra o grupo terrorista, depois de ter autorizado acções aéreas contra as posições do ISIS no terreno.

Obama decidiu também reforçar o apoio em armamento às forças iraquianas e curdas, exemplo seguido por Paris e apoiado em Berlim, Londres e Roma.

Washington também confirmará a sua intenção de lançar uma nova acção de treino e assistência às forças afegãs a partir de 2015.
 
Esta acção envolveria um máximo de 15 mil efectivos cuja partida para Cabul está condicionada à assinatura, por parte do novo Presidente afegão, de acordos de segurança com a NATO.