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Eles vão ao fundo do mar à procura da melhor foto

08 ago, 2014 • Joana Costa

Os cliques estão na moda. Nesta altura do ano, as redes sociais são inundadas por fotografias das férias na praia. Mas há quem vá literalmente mais fundo. Que mergulhe "noutro mundo" à procura da melhor fotografia subaquática.

Eles vão ao fundo do mar à procura da melhor foto

Diz quem já visitou os Açores que a paixão é imediata. Foi nessas águas "ricas em fauna e flora" que Manuel Silva participou na sua primeira competição de fotografia subaquática. Estávamos em 1999. Há quatro anos que o portuense descobrira a modalidade a que chama "o domínio da luz no reino da escuridão".

"Nessa altura a informação não estava tão disponível como nos nossos dias. Apenas as revistas da especialidade davam as notícias em relação as actividades que se realizavam. Foi numa dessas revistas que vi que existia esta modalidade e decidi participar", conta.

Nessa época com um "simples portefólio" tinha-se acesso ao campeonato nacional de fotografia subaquática. Sim, existe um campeonato promovido pela Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas (FPAS) há mais de 20 anos. Manuel Silva foi campeão nacional em 2011.

"O campeonato nacional é dividido em duas jornadas de dois mergulhos por dia e por categorias (ambiente com mergulhador, sem mergulhador, macro com tema, macro livre, e fotografia a peixes). Cada atleta apresenta a concurso as cinco imagens correspondentes a cada uma das categorias. Após análise dos elementos do júri, os resultados são apresentados", explica.

Este "fotógrafo do mundo" destaca nas suas melhores experiências os momentos "muito felizes" com cachalotes nos Açores em 2003. "Ainda hoje tenho dificuldade em arranjar adjectivos que consigam descrever o que senti na altura".

"Neste país não se consegue viver só disto"
A "paixão pela fotografia subaquática" de Nuno Gonçalves nasceu "praticamente em simultâneo com a paixão pelo mergulho enquanto modalidade".

"Durante a minha formação enquanto mergulhador, foi-me ensinado que as únicas coisas que podemos trazer do fundo do mar são as bolhas, as memórias e as fotografias", conta. Foi assim que mergulhou no mundo da fotografia subaquática.

É geralmente praticada durante um mergulho com escafandro ou mesmo em apneia. "Requer equipamentos e técnicas muito especializadas para serem realizadas com sucesso", confirma o farmacêutico de profissão e "fotógrafo subaquático de paixão" – "neste país não se consegue viver só disto".

Desde 2008 que participa no campeonato nacional da modalidade. "Acho que qualquer participante que entre neste tipo de competição tem como objectivo ser campeão nacional. Eu não sou diferente", conta, entre risos.

Ainda não chegou lá, mas está bem classificado no "ranking" da FPAS.

Surpresas
Esta é uma modalidade com regras de segurança muito apertadas, e se forem sempre cumpridas, e não houver defeitos de equipamento, tudo correrá pelo melhor. No entanto, os comportamentos dos animais são inesperados.

"Aquele que mais me marcou foi com um polvo que resolveu interagir mais proximamente com o meu companheiro de mergulho", conta Nuno. O animal roubou "o computador de mergulho do pulso. Foram 15 minutos a correr atrás do animal à espera que ele largasse o computador".

Do lado oposto, "a melhor experiência foi numa interacção inesperada com um golfinho meio selvagem nas Ilhas Socorro. Foi um momento mágico".