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Professor desempregado cria gin "lentamente" destilado no Alentejo

05 jul, 2014

Lançado no mercado no final de Abril, a marca está a exceder todas as expectativas do empreendedor, já contactado para começar a exportar para Espanha, Suíça, Brasil e Angola. 

Professor desempregado cria gin "lentamente" destilado no Alentejo

Graças a uma "tempestade perfeita" na vida, com desemprego à mistura, António Cuco passou de simples apreciador de gin para 'alquimista de sabores', há poucos meses, criando uma marca dessa bebida, lentamente destilada no Alentejo. 
 
Trata-se de um gin "feito no Alentejo", em Reguengos de Monsaraz, mas de "carácter português", incorporando na receita maçã Bravo de Esmolfe oriunda de Penalva do Castelo, Viseu, explica à agência Lusa. 
 
O lema da marca assenta num 'jogo de palavras' que cruza a forma "100% artesanal" com que António fabrica a bebida com a 'reputação' dos alentejanos, que considera ser injusta, como 'filho da terra'.
 
"Se fosse feito em Lisboa ou no Porto continuaria a ser lentamente destilado", diz, entre risos, realçando que o processo demora várias horas e que, na produção, só a máquina de engarrafar "é semiautomática". 
 
Lançado no mercado no final de Abril, o "Sharish Gin" está a exceder todas as expectativas do empreendedor, já contactado para começar a exportar para Espanha, Suíça, Brasil e Angola. 
 
"Começámos a produzir à volta de 150 garrafas por semana", mas, após cerca de dois meses de comercialização, "estamos com 500 garrafas por semana", o que faz com que os planos de vendas iniciais estejam "completamente ultrapassados", congratulou-se. 
 
A empresa vai "duplicar a produção até final do Verão" e prevê atingir o objectivo de vendas traçado para o ano inaugural "nos primeiros três ou quatro meses", afirma. 
 
Até final de 2014, ou seja, "um ano e meio antes do previsto", António quer expandir as áreas de armazenamento e fabrico e contratar mais funcionários, para o ajudarem a ele e à mulher. 
 
Antes desta aventura, o empresário apreciava gin, mas só no copo, como consumidor. Há uns meses, recorda, uma "tempestade perfeita" levou à sua mudança de vida. 
 
Após uma brincadeira com amigos, com uma tentativa para criar gin, mas que saiu gorada - "Eles gozaram" e disseram "isto mais parece uma açorda de peixe do rio", recorda -, António não desarmou. De forma autodidacta, aprendeu as bases da produção da bebida e voltou à carga. 
 
Para recuperar cheiros e sabores da infância, foi buscar a maçã Bravo de Esmolfe, que comia na feira em Borba, com a bisavó, e a lúcia-lima, com que a avó de S. Manços fazia chá, juntando-as a botânicos, citrinos e outros ingredientes para chegar à formula final do seu gin. 
 
Aí, os amigos deram-lhe o selo de aprovação e contribuíram para o germinar da ideia de que este sucesso caseiro poderia ser algo mais, até porque António, antigo professor de Turismo, estava desempregado. 
 
"Sempre fui empreendedor, achei que havia aqui uma possibilidade de negócio e juntei tudo com uma 'tempestade perfeita'", pelo facto "de ter ficado sem trabalho", conta. 
 
Recebeu o aval de especialistas, que gostaram das amostras que lhes levou, e criou a empresa com o apoio do Instituto do Emprego e Formação Profissional, colocando no mercado aquela que "é a quarta marca de gin nacional" e a segunda com origem no Alentejo - a outra chama-se Templus. 
 
Convicto de que, em Portugal, o consumo desta bebida "não é moda, é um culto" com apreciadores fiéis, António quer continuar a dedicar-se à 'alquimia de sabores' que, uma vez destilada, se transforma em gin e já tem novos produtos na calha. 
 
Um novo gin com pera-rocha do Oeste, numa edição especial a lançar em "Outubro ou Novembro", e uma gama de cinco vodkas, uma neutra e as outras aromatizadas (maçã Bravo de Esmolfe, pera-rocha, limão e tangerina), vão ser as novas criações.