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Há mais jovens a querer viver no centro das cidades. Mas é possível?

11 jun, 2014

Os pais, fiadores tradicionais, deixaram de ter disponibilidade financeira e a banca continua de mãos fechadas. Mas, bem feitas as contas, pode compensar viver no centro.

Há mais jovens a querer viver no centro das cidades. Mas é possível?
Há cada vez mais jovens casais a procurar casa nos centros urbanos, em particular em Lisboa. A página virou em 2012, com o mercado de arrendamento a dominar. A conclusão é de um estudo levado a cabo por uma agência de publicidade e marketing.

“Pela primeira em vez, em Lisboa, nos últimos 50 anos, há mais jovens casais a viver na cidade. Ou seja, cada vez mais se procuram aproximar do sítio onde trabalham”, revela à Renascença Vítor Tito, administrador da agência BBZ.

Razões económicas ou de acesso à cultura são algumas das justificações para o fenómeno. Por norma, adquirem casas a precisar de obras – às vezes, de muitas obras – mas o preço à cabeça é atraente: 50 mil ou 60 mil euros.

O custo final da recuperação será menos apelativo, mas o peso da mobilidade é menor para quem se aproxima do centro, onde há mais oferta cultural, de lazer e de escolas, por exemplo.

“Se as pessoas começarem a fazer as contas dos custos da mobilidade de viver longe do posto de trabalho, os custos começam a compensar”, destaca Vítor Tito.

A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária confirma a tendência, mas alerta para a escassez existente ainda na oferta.

“A Câmara de Lisboa tem sido das autarquias mais activas em apresentar imóveis no centro da cidade a preços mais apetecíveis, mas não há ainda a oferta que devia haver. A reabilitação que tem sido feita tem sido para quem tem mais posses”, afirma Luís Lima, daquela associação.

O responsável lamenta que a banca mantenha o acesso ao crédito tão restrito e que não haja mais programas a que os jovens possam aceder. É que, as famílias, ao contrário de antigamente, estão com os mealheiros vazios. E as casas devolutas existentes, algumas a preços convidativos, precisam de obras de peso.

Hugo Monteiro é um professor universitário que decidiu mudar-se para o centro da cidade do Porto. O T1+1 onde vive tem ar novo e vista privilegiada. Foram as saudades da infância que o fizeram regressa à baixa. Ouça a reportagem (no topo da página; não disponível na aplicação para dispositivos móveis).