07 mai, 2014
Está a aumentar o número de casos de abandono de doentes nos hospitais do Porto, denunciou, esta quarta-feira, o autarca local, Rui Moreira.
O presidente da Câmara do Porto não comentou o caso de Rosa, doente de cancro, que teve alta do Hospital de Joaquim Urbano e acabou, esta segunda-feira, por ser deixada, por sua vontade, junto à Igreja do Carvalhido, zona onde o marido costuma arrumar carros.
Segundo o “Público” desta quarta-feira, Rosa aguentou-se na escadaria da igreja cerca de cinco horas até ser transportada pela polícia para um quarto numa pensão de Cedofeita, arranjado pela Segurança Social, a mesma instituição que cortara o Rendimento Social de Inserção (RSI) ao casal, deixando-o sem capacidade de pagar uma renda.
A autarquia do Porto desconhece o caso, mas Rui Moreira admite contribuir para uma solução. “É uma responsabilidade da Segurança Social. Se a Segurança Social não tratar do assunto, se nós pudermos ser úteis, com certeza trataremos, também através da rede social, de encontrar uma solução”, prometeu, questionado pela Renascença.
O presidente da Câmara do Porto revela preocupação com o aumento de casos de abandono de doentes nos hospitais da região. O relato de situações é feito pelos directores das unidades.
“Há muitos casos em que há familiares que têm abandonado as pessoas nos hospitais. E quando as pessoas subitamente têm alta não aparecem os familiares para os ir buscar. Essa situação é-nos retratada muitas vezes pelos directores dos hospitais, com grande preocupação”, disse Moreira.
“É crescente o número de casos e isso demonstra, exactamente, a dificuldade pelo que as pessoas passam e demonstra também a necessidade que há também de reforçar a rede social”, acrescentou.
Segurança Social procura "solução mais definitiva"
Contactada pela Renascença, a Segurança Social confirma o caso de Rosa, relatado pelo jornal “Público” esta quarta-feira.
O Instituto da Segurança Social informa que Rosa, de 46 anos, e o marido são beneficiários do RSI, mas, devido ao atraso na entrega dos documentos para a renovação do subsídio, estavam sem apoio financeiro.
Durante o internamento da mulher, foram alvo de uma acção de despejo por falta de pagamento da renda. A Segurança Social indica que não foi informada desta acção de despejo, nem da recente alta hospitalar.
“Atendendo aos problemas graves de saúde [de Rosa], a Segurança Social tem mantido o contacto regular com as diferentes unidades hospitalares onde a mesma é acompanhada. No entanto, desta última vez não houve informação por parte do Hospital da alta hospitalar”, refere a nota explicativa enviada à Renascença.
“Apesar de estarem alojados numa pensão desde o dia 5 de Maio [segunda-feira], estão a ser feitas diligências para encontrar uma solução mais definitiva que poderá passar pelo arrendamento de habitação ou parte de habitação que será comparticipado pela Segurança Social enquanto a família não receber a prestação do RSI, suspensa pela entrega tardia dos documentos necessários à sua renovação”, diz ainda o Instituto da Segurança Social.