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Assunção Esteves

Se capitães de Abril exigem falar no plenário "o problema é deles"

10 abr, 2014

Associação 25 de Abril foi convidada a assistir à cerimónia no Parlamento, mas exige discursar. Presidente da Assembleia não parece concordar.

Se capitães de Abril exigem falar no plenário "o problema é deles"

A presidente da Assembleia da República garante que convidou a Associação 25 de Abril para estar presente na sessão solene comemorativa da revolução, mas que, se os militares impõem a condição de falar, "o problema é deles".

"Todos os anos há convite à Associação 25 de Abril. Este ano houve novo convite, o resto não existe, não comento o que não existe", começou por dizer Assunção Esteves aos jornalistas.

Confrontada com a condição de usar da palavra imposta pelo presidente da Associação 25 de Abri, Vasco Lourenço, para que os militares de Abril estejam presentes na sessão solene, Assunção Esteves respondeu: "O problema é deles".

"Houve um convite para virem ao Parlamento, só", frisou.

O presidente da Associação 25 de Abril afirmou na quinta-feira que aguarda resposta da presidente da Assembleia da República sobre a condição de usar a palavra na sessão solene, que impôs para os capitães participarem na cerimónia, de que estão ausentes há dois anos.

"A senhora presidente da Assembleia da República fez-me um convite telefonicamente, eu disse quais as condições em que nós iríamos, ela ficou de nos dizer alguma coisa, ainda não disse", afirmou Vasco Lourenço aos jornalistas, à margem da apresentação do livro de Manuel Alegre "País de Abril".

Questionado sobre as condições, o presidente da Associação 25 de Abril reiterou que se trata de os militares de Abril usarem da palavra na sessão solene no plenário da Assembleia da República.

Confrontado com o regimento da Assembleia da República, Vasco Lourenço respondeu que "já houve não parlamentares que falaram no plenário da Assembleia da República, presidentes de países estrangeiros já falaram". Além disso, os regulamentos são feitos para se alterarem quando é necessário. "Se é uma situação excepcional, em que dizem que nós somos imprescindíveis naquela sessão solene, então haja uma decisão excepcional", disse.

No ano passado, a Associação 25 de Abril voltou a não estar presente na sessão solene comemorativa do aniversário da revolução de 1974, como aconteceu em 2012, por considerar que o actual ciclo político está contra os seus ideais e valores.

No ano passado, em comunicado, a associação justificou a decisão por considerar que "a linha política seguida pelo actual poder político deixou de reflectir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa" e que "o poder político que actualmente governa Portugal configura um outro ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores".