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20 anos da Expo 98

“Servir” rio acima

14 mai, 2018 - 08:00 • Dina Soares , Joana Bourgard

No Parque das Nações, os escuteiros andam de barco. O agrupamento do bairro que nasceu da exposição internacional dos oceanos, navega em vez de caminhar. São os escuteiros marítimos, uma elite no movimento escuteiro. A Renascença recorda a Expo com 20 histórias da maior intervenção feita na cidade de Lisboa desde o terramoto de 1755.

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Escuteiros do Parque das Nações. “Servir” rio acima
Escuteiros do Parque das Nações. “Servir” rio acima

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A azáfama é grande na marina do Parque das Nações. Junto à margem do Tejo, à volta de 30 rapazes e raparigas, entre os 10 e os 14 anos, preparam os barcos para mais um sábado à vela. São os escuteiros marítimos, um dos poucos grupos do país que alia a prática do escutismo à navegação.

Com a ajuda de todos, os barcos são apetrechados e entram na água. Desde que o tempo permita, todas as semanas os escuteiros marítimos do Parque das Nações saem para o Tejo em treinos para as regatas do verão.

O agrupamento, criado um ano antes da Expo, junta 160 crianças e jovens, entre os 6 e os 22 anos, mas podia juntar muitos mais. A lista de espera é enorme e como quase ninguém desiste, só conseguem admitir cerca de uma dezena de novos membros por ano.

O Rafael começou aos seis anos. Hoje tem 13 e é um dos veteranos da sua flotilha. É ele que comanda o barco. “Normalmente o mais velho, que é o que tem mais experiência, vai sempre ao leme. Depois há a vela grande e a vela mais pequena. Eu, normalmente, vou ao leme.”

O escutismo é mais fácil a bordo

Antes de se fazerem ao rio, os escuteiros começam bem cedo a preparar os barcos. São horas de trabalho que tem que ser feito com rigor – avisa o António - para evitar desaires. “Pode cair o mastro, o barco pode virar, pode ficar sem leme… A mim, já me caiu o mastro três vezes. É uma coisa frequente.”

Problemas que têm que ser resolvidos em grupo pela pequena tripulação do barco. Nuno Batista, chefe da flotilha D. Carlos I, considera que, a bordo, torna-se mais fácil para estes jovens perceberem a importância dos princípios do escutismo. “Por exemplo, o trabalho em pequenos grupos a bordo destes barcos é muito necessário e eles percebem rapidamente que se não for assim, não vão chegar a bom porto.”

Chegar a bom porto é sempre o objetivo final, mas é a viagem que mais desafia estes escuteiros dos mares. “Andar de barco à vela é das coisas que eu mais gosto. Estamos no mar e podemos conviver com a tripulação que é a nossa pequena família”, diz o Afonso.

Por todo o país, existem mais de 70 mil escuteiros, mas apenas 1400 são escuteiros marítimos, organizados em 20 agrupamentos. Em Lisboa, há outro grupo, com sede em Belém.

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  • Nuno Jacinto
    15 mai, 2018 Lisboa 07:44
    Bom Dia Sou um dos entrevistados, e não nos considero escuteiros de elite, nem qualquer referência ao assunto foi feita durante a entrevista. Somos escuteiros como os outros, que usamos o Mar e a sua cultura com ambiente preferencial da aplicação do método escutista. A opção pelo escutismo marítimo está em cada comunidade ribeirinha que organize e apoie um agrupamento de escuteiros. O facto de só existirem cerca de dez vagas por ano de entrada deve-se ao agrupamento ter atingido a sua maioridade com um baixo nível de desistências, e como os jovens progridem no agrupamento dos 6 aos 22 anos praticamente só há vagas para jovens entre os 6 e os 8 anos. Eé uma inerência do método que nos angustia por não conseguirmos ter mais resposta. De referir que como referido consideramos pelo menos cinco agrupamentos em lisboa porque o rio nos une e o estuário é só um. Obrigado pela entrevista e por nos ajudarem a divulgar a nossa ação junto dos jovens, nestes vinte anos da Expo 98 Canhotas

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