20 anos da Expo 98

Marvila já não é um lugar estranho

10 mai, 2018 - 08:00 • Dina Soares , Joana Bourgard

Tiago Martins chegou a Marvila em 2014. Foi num armazém com vista para o rio que decidiu instalar o Vértigo, um ginásio de escalada. Nessa altura, Marvila era mais um bairro degradado. Dois anos depois começou a crescer. Hoje é um dos mais vibrantes da cidade. Cumpriu-se o projeto dos pais da Expo 98: fazer de Marvila a ponte entre o centro da cidade e a zona oriental. A Renascença recorda a Expo com 20 histórias da maior intervenção feita na cidade de Lisboa desde o terramoto de 1755.

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Marvila não foi propriamente amor à primeira vista. Para abrir o seu negócio, Tiago Martins procurou espaços em vários locais, sobretudo na linha de Cascais. Não encontrou nada que cumprisse todas as condições e, por sugestão do seu arquiteto, foi parar a Marvila.

O arquiteto garantia que a zona, então bastante degradada, prometia ser um bairro com futuro. Tiago acreditou, mas os seus amigos tiveram muitas dúvidas. “Os nossos amigos torciam o nariz, diziam que era uma zona com maus acesso e perguntavam se tínhamos a certeza do que estávamos a fazer.”

Tiago não lhes deu ouvidos e foi em Marvila que acabou por fundar o Vértigo, o único pavilhão de escalada do país e um dos maiores da Europa. Hoje orgulha-se da escolha. “Fomos pioneiros. Só dois anos depois de termos vindo para aqui é que esta zona se começou a desenvolver de uma forma muito acentuada.”

De tasca a pizzaria da moda

Na verdade, quando Tiago chegou a Marvila, tinha como vizinhos alguns armazéns, muitas oficinas de automóveis e pequenas tascas. Um tempo que tinha as suas vantagens. “Lembro-me de almoçar por quatro euros ali numa tasca que agora é um restaurante de pizzas, excelente, mas muito mais caro.”

O futuro chegou a Marvila mais depressa do que Tiago imaginava. Hoje, as tascas estão a ser transformadas em restaurantes caros, os armazéns são lojas vintage e galerias de arte. Os espaços abandonados estão a ser ocupados por lofts de milhões. A localização, entre o Parque das Nações e o centro de Lisboa, dá a Marvila vantagens que outras zonas da cidade não têm.

Atualmente, já pouca gente telefona para o Vértigo a perguntar o caminho, como acontecia no início. Marvila deixou de ser um lugar estranho.

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