08 mai, 2018 - 08:00 • Dina Soares , Joana Bourgard
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Muitos dos apartamentos do Parque das Nações foram decorados por Teresa Gonçalves. A sua loja, a primeira do novo bairro, abriu ainda antes da inauguração da exposição, em abril de 1998. “A Parque Expo disse-me que ou abria antes da exposição ou teria que esperar pelo fim. Fizemos um esforço e conseguimos ter tudo pronto antes do dia 22 de maio.”
Sem estar à espera, Teresa tornou-se a decana dos comerciantes da zona e por lá continua, sempre no mesmo ramo e na mesma rua, paredes meias com outra das pioneiras do comércio da Expo, a florista Lucília Santos.
Lucília entrou já com a exposição em andamento. Veio do Canadá, com dois filhos pequenos, e durante os primeiros tempos a procura de flores não era grande. “Aqui à volta só viviam as pessoas das delegações estrangeiras que estavam representadas na Expo, por isso não havia muito movimento. A minha filha tinha, na altura, três anos e fazia sestas de três horas ao meu colo porque não entrava ninguém na loja.”
A Torre de Babel em forma de farmácia
O negócio das flores foi melhorando com o aumento dos moradores. Já o negócio da farmácia teve sempre muitos clientes. Teresa lembra que a sua loja mais parecia a Torre de Babel. “Os meus primeiros clientes eram de todas as nacionalidades. Alguns ainda falavam inglês ou francês, mas outros só falavam as suas próprias línguas. Tínhamos de nos entender através de gestos e desenhos.”
Se, nos primeiros meses, a zona era muito cosmopolita, quando a exposição fechou o Parque das Nações parecia uma aldeia. Margarida Barros chegou nessa altura para abrir a sua livraria. “Era um meio muito pequeno, toda a gente se conhecia. Hoje não. Hoje isto é uma nova cidade.”
Margarida mantém clientes desses tempos. Os garotos que há vinte anos andavam na escola em frente regressam hoje à livraria para comprarem livros para os seus filhos. São, provavelmente, as mesmas crianças que invadiam o cabeleireiro de Dina Nunes, outra das veteranas do Parque das Nações - muitas para verem um cliente especial.
“O Cristiano Ronaldo foi o meu primeiro cliente do mundo do futebol”, recorda Dina Nunes. O jogador e a família eram presença regular no cabeleireiro e as crianças da escola invadiam o salão quando percebiam que ele lá estava. “Era preciso ser firme e afastá-los, a eles e às revistas sociais que eu nunca deixava entrar para preservar o sossego dos meus clientes.”