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Portugal é centralista por querer três agências europeias em Lisboa?

09 jun, 2017 - 14:47 • Rui Barros com André Rodrigues

O Governo vê Lisboa como a "cidade apropriada" para a corrida à nova sede da Agência Europeia do Medicamento. O Porto está insatisfeito. A Renascença fez o mapa das agências descentralizadas da União Europeia.

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As agências descentralizadas da UE sediadas em capitais (a vermelho) e noutras cidades (a azul)

O Governo considerou Lisboa “a cidade apropriada” para acolher a sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA) e a polémica estalou, com Área Metropolitana e a Câmara do Porto a acusarem o executivo de centralismo. Têm razão? Portugal é um país especialmente centralista? Um olhar para o mapa das agências da União Europeia (UE) permite duas leituras: das 39 agências, 14 não estão em capitais nacionais, mas, se Lisboa ficar com a EMA, Portugal torna-se, a par da Hungria, o país com mais estruturas destas nas suas capitais.

Das 39 agências descentralizadas da UE, só 14 não estão sediadas nas capitais dos seus países. Espanha, França, Holanda, Alemanha e Grécia são os países que mais contribuem para estes números. Já a Itália, a Grécia a Holanda e a Alemanha não têm nenhuma destas agências nas suas capitais.

O Leste europeu e a Escandinávia tendem a preferir manter nas capitais estas agências, que se ocupam de temas tão diversos com os alimentos, a justiça, a segurança e os produtos químicos.

A Hungria é a campeã dos países com mais agências descentralizadas da UE – três instituições sediadas em Budapeste.

Caso Portugal fique com a Agência Europeia do Medicamento em Lisboa, empatará com a Hungria porque Lisboa já acolhe o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência e a Agência Europeia de Segurança Marítima. Não há mais nenhuma agência descentralizada da UE em Portugal.

França e Espanha destacam-se na procura de um equilíbrio entre as capitais e outras cidades. Espanha acolhe quatro agências, três das quais longe de Madrid. Em França, com Paris a acolher duas agências, encontramos ainda, a norte, a Agência Ferroviária Europeia e, a sul, em Angers, o Instituto Comunitário das Variedades Vegetais. Esta cidade fica a cerca de 300 quilómetros de Paris – a mesma distância que vai de Lisboa ao Porto.

A saída do Reino Unido da União Europeia obriga a que as duas agências da sua capital, a Autoridade Bancária Europeia e a Agência Europeia do Medicamento precisem de se mudar para algum dos outros países europeus. O Governo português anunciou publicamente o interesse de apresentar uma candidatura portuguesa pela segunda.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, manifestou-se interessado em acolher esta agência no município do Norte de Portugal, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros apresentou o argumento de que estudos indicam que a melhor cidade portuguesa para receber esta agência é a cidade de Lisboa. Rui Moreira reagiu, em declarações à Renascença, mostrando-se interessado em “conhecer os estudos”.

Fundada em 1993, a Agência Europeia do Medicamento tem como missão promover a excelência científica na avaliação, supervisão e monitorização da segurança dos medicamentos desenvolvidos por empresas farmacêuticas e cuja utilização se destina à União Europeia. A sua relocalização para Portugal é vista como uma forma de atracção de conhecimento para o país.

Comentários
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  • beaver
    16 jun, 2017 Fornos de Algodres 11:01
    E porque nao em Beja? Já tem um Aeroporto, tem o TGV ali ao pé, em Sevilha, tem espaço que se farta para alargarem as instalações. E com um jeitinho do Costa, até acabam a Autoestrada que ficou a meio. PORRA!!! Com tanto trabalho por fazer é só se preocupam com a localização virtual de uma Agência virtual que, virtualmente, virá para Portugal?
  • Teixeira Loureiro
    16 jun, 2017 Matosinhos 00:24
    O poder politico e económico continua a centralizar tudo em Lisboa para que a riqueza do país e as oportunidades fiquem à mão. Se calhar é chegado o momento de despertar sentimentos de independência do norte para, de uma vez por todas, deixar de ser dominado por Lisboa
  • Manuel Simao
    14 jun, 2017 Porto 16:22
    Os comilões do costume. Vão ficar sem nada.
  • Manuel Simao
    13 jun, 2017 Porto 14:01
    Quem tudo quer tudo perde. Apesar de não concordar com o centralismo, oxalá a EMA venha para Portugal. Ainda prefiro Lisboa a Madrid... Mas não sou de Lisboa!
  • Manuel Simao
    13 jun, 2017 Porto 13:56
    Qualquer dia querem levar a Bial para Lisboa. E depois os parolos somos nós...
  • Carlos Rocha
    10 jun, 2017 Senhora da Hora 13:38
    Somos o País mais centralista da União Europeia, por isso somos o mais pobre!....Portugal já tem duas agências da UE localizadas em Lisboa, e agora quer lá centralizar a terceira.....Os países desenvolvidos optaram e muito bem por distribuírem pelo seu território as agências que lhe foram atribuídas, mas Portugal já tem duas localizadas na capital e agora quer lá centralizar a terceira...Portugal e a Grécia são os únicos Países da UE que não estão regionalizados por isso são os mais pobres.....A Galiza aqui ao nosso lado depois da regionalização deu um salto impressionante na sua qualidade de vida, tendo agora um poder de compra duplo do nosso....Porque é que estas agências Europeias que pagam altos ordenados a centenas de Trabalhadores têm de ficar centralizadas em Lisboa?.... Será que a população do resto do País está condenada a trabalhar para as exportações auferindo o salário mínimo que abrange cada vez mais Trabalhadores?...E tem este Governo o descaramento e a incoerência de andar a falar em descentralização....É preciso ter lata, muita lata!....
  • João Campos
    10 jun, 2017 Porto 11:41
    Lisboetas, metam de vez isto na cabeça. O Porto não quer ser capital de nada. A escumalha do poder está muito bem localizada. O Porto, e todo o país para lá de Lisboa, só quer justiça e uma visão descentralizada do Estado.
  • Junior
    10 jun, 2017 Porto 05:14
    Não é o facto do Porto querer ser "Capital da União Europeia", é apenas relembrar que existem mais cidades do que a Capital! Concordo que não pode ser só o Porto e Lisboa, mas devo lembrar que desde o 25 Abril, os Governos tem feito muito para atrair tudo para Lisboa e só agora nos últimos anos tem se visto alguns sinais de mudança não por iniciativa Politica, mas privada em que o Porto tem vindo a ser beneficiado, e as vezes bem se vê tentativas de convencer esses investimentos privados a optar por Lisboa! Volto a dizer que concordo que outras cidades tem que ser analisadas, mas devem lutar contra esse centralismo! Naturalmente o Rui Moreira fez o seu papel, lutar pelos interesses da cidade que representa, e cabe as outras cidades que se achem merecedoras lutar também.
  • André
    10 jun, 2017 Lisboa 00:01
    Tem é de ir ver em que cidades estão... se tivessem analisado isso, iriam ver que TODAS as que não estão nas capitais é porque estão próximas de algum polo que serve de suporte logístico. As de assuntos centrais está tudo nas capitais do país. No entanto, a agência do medicamento até devia ser fora de Lisboa... e não podia ir para o Porto. Existem 2 outras cidades que tem mais meios do que Lisboa e Porto. Chamam-se Coimbra e Braga. Mas, o Porto quer ser capital da União Europeia e tudo o que apareça tem de ir para lá.
  • Ó Lol
    09 jun, 2017 Arcozelo 22:26
    Você é mesmo lol

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