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​População contra "muro de Berlim" junto ao Mosteiro da Batalha

07 jan, 2018 - 00:44

As obras da construção de uma barreira acústica de proteção ao Mosteiro já se iniciaram, mas não estão a agradar à população, que também pede isenção de portagens.

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A população da Batalha está contra as barreiras de betão que estão a ser colocadas junto ao Itinerário Complementar n.º 2 (IC2) em frente ao Mosteiro Santa Maria da Vitória e defende antes a isenção de portagens.

As obras da construção de uma barreira acústica de proteção ao Mosteiro da Batalha, no distrito de Leiria, já se iniciaram, mas não estão a agradar à população, que critica o impacto visual negativo.

"Parece um muro de Berlim. Sei que a ideia é ainda serem colocadas árvores, mas o primeiro impacto é péssimo. Quero ver como fica o final da obra, mas com o dinheiro que está a ser gasto poderia ser dada a isenção de portagens para os veículos pesados, ou criar um valor mais barato", disse à agência Lusa o empresário Alfredo Barros.

A Autoestrada n.º 19 (A19) foi construída para retirar grande parte do trânsito que passa no IC2, junto ao Mosteiro, de modo a preservar o monumento, classificado como património da Humanidade, dos efeitos do ruído e poluição da circulação automóvel.

No entanto, a colocação de portagens levou a que a A19 seja uma das vias menos utilizadas na região de Leiria. Por isso, também Pedro Coelho, outro cidadão da Batalha, considerou que a solução deveria passar pela "isenção de portagens".

Segundo referiu, "não faz sentido nenhum aquele mamarracho". "Duvido que não houvesse outra solução arquitetónica e não consigo perceber como vai proteger o Mosteiro. Esta obra vai tirar a beleza ao monumento, que tem toda uma grandiosa história. É certo que tem de se proteger o Mosteiro, mas não com esta solução", salientou.

Também José Travaços Santos defendeu que a resolução do problema passa pela "abolição de portagens". Para este historiador, "não se justifica o pagamento de portagens num troço tão pequeno".

José Travaços Santos acrescentou ainda que o "paredão é feio".

À Lusa, o presidente da Câmara da Batalha, Paulo Batista Santos, disse concordar que a solução ideal seria a abolição ou redução de portagens na A19. No entanto, "o Governo do PS, liderado por José Sócrates, atribuiu uma concessão por vários anos que inclui portagens".

Segundo o autarca do PSD, "para o Estado português a única forma é resgatar a concessão", que também defende, "mas a câmara não pode fazer nada".

Paulo Batista Santos informou, no entanto, que, "nesta fase, a obra gera um impacto visual para o Mosteiro que não é agradável, mas não vai ficar assim".

"Temos de valorizar o que é um património da UNESCO e fazer com que fique o mais visível possível, mas seria uma irresponsabilidade não tomar medidas imediatas de minimização dos atuais impactos ambientais, ruído e trepidação", salientou, lembrando que passam naquela zona "15 mil veículos por dia".

O presidente da Câmara acrescentou que esta solução "não invalida que a Câmara continue a reclamar junto do Governo a abolição ou redução de portagens para os veículos pesados".

Numa nota de imprensa, o Município da Batalha esclarece que "os trabalhos que se encontram em execução na zona frontal do Mosteiro da Batalha integram uma intervenção alargada" e que "visam reduzir significativamente os evidentes sinais de desgaste e de deterioração de alguns elementos do monumento, de acordo com diversos estudos científicos".

A autarquia informou ainda que o Município "procedeu à elaboração de um projeto, tendo o mesmo obtido concordância da parte da Direção Geral do Património Cultural e das Infraestruturas de Portugal".

Integra ainda esta intervenção a construção de uma ecopista, que devolverá este espaço à população, bem como a melhoria das instalações sanitárias existentes nas imediações do Mosteiro e dos espaços afetos ao estacionamento.

Comentários
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  • ADISAN
    08 jan, 2018 Mealhada 18:33
    Uma verdadeira vergonha. Os nossos engenheiros, tal como os nossos alegados linguístas, desenvolvem projeCtosque só servem para ridicularizar o país. Mais uma vez a corrupção funcionou. Não fazia ideia de que se pensasse em construir em Portugal uma réplica do Muro da Vergonha.
  • Barbeiro
    08 jan, 2018 Braga 17:22
    Tudo isto e m negócio da China. Se estão a acabar com os carros a combustíveis fósseis, agora pagam para meter os muros, depois vão pagar para retirar esses mesmos.
  • mas!
    08 jan, 2018 lx 16:41
    O que é que a abolição de portagens tem a ver com barreiras acusticas? Efectivamente a solução encontrada é um mamarracho. Com os materiais anti ruido, hoje existentes não é admissível uma solução destas! Mas isso nada justifica a abolição de portagens!...Pelo contrario, abrir mais fluxo rodoviário contribuiria para mais ruido e poluição!
  • DR XICO
    08 jan, 2018 LISBOA 10:58
    Não fazia ideia disto!! mas que foi o engenheiro e arquitecto que pariu esta ideia. isto deve ser montagem fotográfica não acredito ainda.
  • Toninho Marreco
    08 jan, 2018 Ponte do Lima 07:53
    Este país é um fartote de riso ...
  • 07 jan, 2018 BATALHA 19:16
    Nao metemos o nome de ninguem como causador da construção,tinha que ser o Socrates,o problema é que a decisão da construção foi tomada pelo actual executivo como sendo uma solução ,esta solução nada vem a acarretar de bom ao Mosteiro,passam la 20000 viaturas por dia e todos com grandes quantidades de CO2, uma coisa que poderia ser positiva era a redução de velocidade na zona para 40 kms/h e con severas coimas para quem nao cumprisse.conheco outros munumetos do gênero em paises longínquos que pura e simplesmente criaram praças enormes arborizadas e transito proibido na zona isso sim é prevenir. Este trabalho que estão a fazer é uma vergonha do actual executivo Batalhense em que quase ninguem esta de acordo essa é a verdade, se fosse pedida uma autorização publica para esta construção seguramente que desta maneira nunca se gastaria um euro que fosse dos previsto mais de 480000 pagos por todos os municipes da Batalha
  • Mario
    07 jan, 2018 Portugal 18:27
    Os eng,,,, Portugueses em aberracoes devem ser o primeiros no mundo por isso vao para a politica e fazem o mesmo por isso este Pais esta como esta desde médicos, ate jornalismo deviam ser todos mandados para reciclagem.
  • Pois entao,
    07 jan, 2018 Lx 14:02
    E que tal uma barreira transparente, o acustico e poluicao sao evitados, mas a visualidade e permitida. Ja nao e a primeira vez que se faz em Portugal.
  • João
    07 jan, 2018 Caranguejeira 11:10
    Credo!!! E andam pessoas a estudar Engenharia e Arquitetura para uma aberração destas? Existem placas translúcidas que criariam um menor impacto e não escondia este magnifico monumento. Se era para fazer algo sólido e compacto, porque não a escola de Artes e Ofícios Tradicionais da Batalha fazerem umas pedras trabalhadas de Cantaria Artística condizente com o mosteiro ao invés deste mono? Os arquitetos Mateus Fernandes e Miguel de Arruda devem estar a dar voltas no túmulo.
  • Amilcar fernandes
    07 jan, 2018 Azambuja 09:35
    As casas no inicio da construção são horríveis no que refere ao impacto visual ... por acaso está disponível o trabalho final ? Era melhor saber primeiro penso eu de que ... vai ter uma Eco pista? Fixe para se por ir visitar de bike ...

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