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Incêndio. Tragédia teria "provavelmente sido evitada" se propostas do PCP tivessem sido adoptadas

24 jun, 2017 - 21:32

Jerónimo de Sousa lamenta "décadas de uma desastrosa política".

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O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que a catástrofe provocada pelos incêndios na última semana, em Portugal, teria "provavelmente sido evitada" se as soluções preconizadas pelo partido nos últimos anos tivessem sido tidas em conta.

Ao discursar no comício de apresentação de candidatos da CDU à Câmara de Vila Real de Santo António, no Algarve, Jerónimo de Sousa disse que o país tem assistido a "décadas de uma desastrosa política" que provocou "cavadas assimetrias regionais", a "desertificação do território interior" e o "abandono do mundo rural e das suas actividades".

Para o dirigente do PCP, estes problemas têm sido o "pano de fundo onde assenta a tragédia a que o país assistiu nestes últimos dias com os fogos florestais" e que se traduziram na "destruição da pequena e média agricultura", e no "desaparecimento de muitos milhares de explorações familiares, com um papel único na ocupação do território".

"Não nos venham dizer que somos todos culpados. Se muito do que temos insistido ao longo de anos, sem ser ouvidos, fosse tido em conta, provavelmente a dimensão da catástrofe tivesse sido evitada", afirmou o secretário-geral comunista.

Os incêndios que deflagraram há uma semana, nos concelhos de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e Góis, no distrito de Coimbra, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e obrigaram à evacuação de dezenas de aldeias.

Jerónimo de Sousa advertiu que "o diagnóstico está feito" e pediu aos restantes partidos que "não venham pedir mais comissões, mais estudos".

"Há páginas e páginas de teorias e de análises. O que falta então? Falta enfrentar os constrangimentos que levaram às vulnerabilidades estruturais, no plano do ordenamento, dos serviços, de energia, dos meios, que ficaram brutalmente expostos com os dramáticos acontecimentos dos últimos dias", defendeu.

O secretário-geral do PCP defendeu a necessidade de se "romper com a política de direita e com os ditames da União Europeia", que considerou estarem "na origem dessas vulnerabilidades".

"Mais do que procurar responsáveis, que estão identificados há muito nos sucessivos governos das últimas décadas, falta enfrentar as promíscuas relações com os interesses económicos que se movimentam nestas áreas, e que comprometem acções e iniciativas", acrescentou.

Jerónimo de Sousa considerou ainda que o ordenamento da floresta e a aposta em espécies autóctones "esbarra com os interesses da indústria da madeira e das celuloses" e é "uma ilusão" ou "mesmo um logro" dizer que "a chamada Reforma da Floresta é a varinha mágica para tapar o essencial", como "a falta de investimento, as políticas de restrição orçamental, o desmantelamento das estruturas e serviços do Ministério da Agricultura, a desvalorização do preço da madeira".

O atraso na criação de equipas de sapadores florestais por razões orçamentais ou a extinção, em 2006, do Corpo de Guardas Florestais foram exemplos que Jerónimo de Sousa disse terem contribuído para os problemas actuais.

"O PCP não sairá da primeira linha dos que exigirão que seja dada resposta imediata aos que perderam pessoas, bens e economias. Como não deixará de contribuir para atacar as causas mais fundas do problema, encontrar respostas de curto prazo, exigir que entre comissões de inquérito e polémicas estéreis não se fuja ao que tem de ser feito e há décadas não é feito", garantiu.

Comentários
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  • Manuel Sobreiro
    25 jun, 2017 Cova da Beira 14:33
    Tão humanistas que eles estão.Quando do 25 Novembro75 que puseram em marcha uma tentativa de guerra civil, onde podiam ter morrido milhares de Portugueses,à mâo de outros Portugueses,não tiveram o mínimo de arrependimento.Colocaram filhos contra Pais e vice versa.Desuniram famílias.E agora dizem isto, como se de cordeirinhos se tratasse.Tenham vergonha.Só em Portugal existe um Partido Comunista, por essa europa fora e não só,esses partidos foram banidos.Os brandos costumes dos Portugueses é que permite ainda um partido comunista com a filosofia marxista/leninista do tempo da segunda guerra mundial,onde quem não alinhava. com eles era fuzilado.Cá queriam fazer o mesmo depois de Abril , mas o povo que sabia e queria a democracia não deixou.Mas eles só estão adormecidos porque existem e se puderem não terão um momento de hesitação para fazer o que queriam em 25 Novembro de 75 e ajudados pelo BLOCO como nessa altura com outros nomes.Por mim estes partidos deviam ter sido banidos.Que se auto regenerassem e surgissem com novas caras e filosofia.Só este Costa foi capaz de lhes dar a mão,para continuarem a reinar e governar na sombra Portugal. Nunca o PS foi capaz de tal atrevimento e de passar uma esponja pelo passado de tais partidos.Ainda se vai arrepender, mas poderá já ser tarde.
  • farçolas
    25 jun, 2017 lisboa 13:40
    Este auto-falante fala muito mas nâo diz nada: Quem vota nesta gente?
  • Bela
    25 jun, 2017 Coimbra 12:14
    Seria conveniente que o Jerónimo de Sousa, em vez de vir com a conversa que o PCP exigirá que seja dada resposta imediata aos que perderam pessoas, bens e economias, se preocupasse em falar com os seus camaradas. Camadas que sempre que é necessário fazer contestações aparecem todos, também eles agora poderiam dar um dia ou um fim de semana de trabalho, sobretudo mão-de-obra para ajudar a recuperar mais rapidamente todas as aldeias que sofreram com o fogo.
  • goncalves
    25 jun, 2017 suisse 08:07
    para os comunistas a culpa è sempre dos outros,o que è que vocês comunistas estao a fazer no governo?A nanar,e a criticar tudo e todos,que è o que vocês juntamente com os do bloco melhor sabem fazer.vao chegar ao fim do mandato as promessas foram promessas

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