13 out, 2015 - 11:01 • Olímpia Mairos
Chaves e a cidade espanhola de Verín são uma Eurocidade e acabam de conquistar o prémio Regiostars na categoria CityStar, que distingue a “transformação das cidades para desafios do futuro”.
Promovidos pela Comissão Europeia, os prémios têm como principal objectivo identificar as boas práticas nas políticas públicas de desenvolvimento regional e destacar os projectos mais originais, motivantes, inovadores e inspiradores, apoiados por fundos da política de coesão da União Europeia.
O projecto que une Chaves e Verín concorreu com iniciativas na Suécia, em França e em Espanha e com um outro projecto transfronteiriço, entre a Suécia e a Noruega.
O júri considerou que o projecto mostra que a integração institucional, económica, social e cultural das duas cidades de fronteira, uma em Portugal a outra em Espanha, não só é possível como trouxe benefícios reais para os cidadãos em termos de poupanças, eficiência e diversificação de oferta de serviços municipais.
Para o presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira, o prémio é “um orgulho”. Significa o “reconhecimento da União Europeia” e serve de motivação para “continuar este projecto inovador que une duas cidades com laços muito fortes de sã convivência”.
O projecto nasceu há oito anos. As cidades de Chaves e Verín, que partilham o Tâmega, uniram forças e criaram uma verdadeira Eurocidade, através de uma oferta comum de serviços, instalações municipais e outras facilidades como eventos culturais, comércio, desporto e turismo.
A Eurocidade partilha já uma sede, um cartão, uma agenda cultural, um guia turístico, instalações desportivas e recreativas e actividades conjuntas.
António Cabeleira diz que “sempre houve” uma “aproximação” entre Chaves e Verín, cidades com 42 mil e 15 mil habitantes respectivamente ligadas pelo rio Tâmega.
“Crescemos assim, a conviver bem”, refere António Cabeleira, considerando que a constituição da Eurocidade e a sua formalização como Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial vieram tornar “mais forte” a “relação que já existia há muitos anos”.
Metas futuras
A curto e médio prazo, os dois municípios querem partilhar ainda mais serviços para valorizar o território, fixar a população, criar dinâmicas de emprego e garantir a fixação de investimentos.
O presidente da Câmara de Chaves afirma que o grande objectivo e o próximo passo a conquistar é a criação de uma zona franca social, ou seja permitir que “os habitantes de um lado e de outro possam utilizar os serviços públicos que entendam por melhores, independentemente do lado da fronteira em que se localizem”, nomeadamente nas áreas da saúde, educação, protecção civil e transportes.
Em termos de saúde o autarca entende que “a actual assistência dos hospitais de Chaves e Verín poderia sofrer uma acentuada melhoria no que se refere à oferta de serviços, mediante a utilização ou partilha dos recursos humanos e materiais”.
A nível da protecção civil, Cabeleira, defende que o socorro “possa acontecer independentemente do local do acidente, ou seja vai mais rápido aquele que estiver disponível”. Já no âmbito dos transportes considera que é “fundamental a criação de uma linha pendular a ligar os dois núcleos centrais de Chaves e Verín”.
O autarca alerta, no entanto, que a criação da zona franca social “implica alterações legislativas promovidas pela União Europeia que depois o Governo de Lisboa e o Governo de Madrid teriam de adaptar à sua legislação”, considerando que permitiria “uma governação mais eficaz para o território da Eurocidade” e uma “verdadeira” cidadania europeia, abolindo barreiras.