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Pedro Queiroz Pereira. Um industrial "muito discreto" e um "piloto fantástico"

19 ago, 2018 - 14:53

Pedro Queiroz Pereira, um dos maiores empresários portugueses, morreu aos 69 anos. Os amigos recordam-no como um grande industrial, ótimo piloto e adepto do Belenenses.

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Pedro Queiroz Pereira "merece ser lembrado como um grande empresário e um grande industrial português". É a opinião de João Vieira Pereira, diretor-adjunto do Expresso, que recorda um homem "muito discreto", mas que "vivia intensamente os negócios".

Recordando vários episódios da vida económica nacional, João Vieira Pereira destaca a capacidade de análise dos negócios e do seu futuro. "Se muita gente tivesse dado ouvidos a Pedro Queiroz Pereira, se calhar hoje grandes grupos financeiros como o Grupo Espírito Santo ou grandes empresas como a Cimpor não estavam desmembrados", diz em entrevista à Renascença.

No início dos anos 2000, quando estava António Guterres à frente do executivo português, Queiroz Pereira "teve uma guerra enorme com o governo pela questão do controlo da Cimpor". "Ele acabou por perder e se calhar perdeu-se aí a oportunidade da Cimpor continuar a ser uma empresa portuguesa", lamenta João Vieira Pereira.

Mais recentemente, destaca a participação do empresário no processo que levou à queda do BES. "Ricardo Salgado meteu-se com ele e ele não gostou", conta, lembrando que Salgado quis "ter acesso, em parte, ao dinheiro" gerado pela Navigator (antiga Portucel), detida por Pedro Queiroz Pereira. "Foi no início dessa guerra que acabou por se descobrir muitas das fragilidades financeiras do Grupo Espírito Santo".

O piloto antes do industrial

Pêquêpê, era assim que Pedro Queiroz Pereira era conhecido no mundo do desporto motorizado. Tornou-se piloto depois de a família ter vivido no Brasil no pós-25 de abril.

"O Pedro correu no Brasil durante vários anos. Vinha a Portugal para fazer o campeonato nacional de velocidade", recorda Pedro Roriz, o amigo de infância que chegou a ser navegador de Pedro Queiroz Pereira.

"Eu corri com ele o rali de 1984, em que voávamos, literalmente, na Cabreira, na terceira etapa do rali, quando estávamos a discutir o primeiro lugar do grupo um", conta Roriz à Renascença.

"Na sequência desse voo, o GNR que nos viu sair - não havia à época as comunicações que há hoje em dia - agarrou no rádio e disse: 'atenção, atenção, despiste do carro 26, os dois membros da equipa estão completamente mortos'. Aquilo gerou o pânico, alguém lhe perguntou se ele tinha a certeza. Passado um bocado ele voltou e disse ao rádio: 'atenção, atenção, retifico. Os dois membros da equipa estão completamente vivos'."

Depois desse episódio, PQP afastou-se dos ralis e foram em vão as tentativas de Pedro Roriz de o convencer a participar noutras provas.

"Era um piloto fantástico na velocidade", embora sem obter grandes classificações, porque "o gozo dele era fazer as provas". Contudo, por diversas vezes, foi o melhor piloto português nas provas em que participou.

Amigos desde os 10 anos, Pedro Roriz recorda também "um fabuloso futebolista de futebol de cinco" e um fanático pelo Belenenses.

O empresário Pedro Queiroz Pereira, um dos mais importantes de Portugal, dono da Navigator (antiga Portucel) e da cimenteira Secil morreu este sábado, aos 69 anos.

Segundo a revista Exame, era detentor de uma fortuna avaliada em 779 milhões de euros (em conjunto com a mãe), o que fazia dele o sétimo mais rico do país.

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