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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Boas e más notícias para Trump

04 dez, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Está próxima a aprovação de uma reforma fiscal, que agravará as desigualdades nos EUA.

Nos últimos dias, o Presidente americano recebeu uma boa notícia (para ele) e uma outra, alarmante. Após quase um ano de mandato e várias tentativas falhadas, tudo indica que Trump verá aprovada no Congresso uma grande baixa de impostos.

Os republicanos têm maioria nas duas câmaras do Congresso, o que não faria prever tantas dificuldades. O Senado aprovou, finalmente, a reforma fiscal; terá agora que atingir um consenso com a Câmara dos Representantes, que aprovara um texto parecido, para uma votação final global – consenso que não parece difícil de obter.

Será o primeiro grande triunfo de Trump. Mas não trará benefícios para muitos americanos da classe média baixa. A nova lei reduzirá substancialmente os impostos pagos pelas empresas e também pelos mais ricos. Por exemplo, os aviões privados dos milionários passam a pagar menos imposto.

A reforma não travará as crescentes desigualdades de rendimentos, pelo contrário. Até porque haverá cortes nos apoios sociais. Ora a base eleitoral de Trump é constituída, na sua maioria, pelos “deserdados” do progresso, não pelos mais ricos.

Irá a reforma fiscal abalar o apoio dessa base? Mais tarde ou mais cedo, esses “deserdados” irão descobrir que foram enganados.

A aposta dos defensores desta reforma fiscal é que, pagando menos impostos nos EUA, as empresas americanas invistam mais no seu país e repatriem boa parte do dinheiro que mantém no estrangeiro.

Mas o défice orçamental irá subir, o que contraria a posição tradicional do partido republicano. Só que dois anteriores presidentes republicanos, Ronald Reagan e G. W. Bush, tinham já contrariado a aversão republicana ao “big government” e ao maior défice que ele geralmente implica.

A má notícia para Trump, mas não necessariamente para a América, foi o seu o primeiro Conselheiro de Segurança, Michael Flynn (que esteve menos de um mês no cargo), se ter declarado culpado ao procurador especial Robert Mueller, que investiga as ligações de Trump e dos seus colaboradores a entidades russas. Flynn terá mesmo dito estar disponível para depor contra Trump e o seu genro, Jared Kushner.

Ora este poderá ser um primeiro e decisivo passo para um futuro processo de destituição de Trump. Pelo menos, essa ameaça ficará a pairar durante os próximos meses, enfraquecendo a posição política de Trump, que já não era famosa.

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