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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Melhoria no sector privado

22 nov, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


As empresas privadas estão com mais saúde financeira.

A secular dependência do Estado que caracteriza a sociedade portuguesa tem levado, além do mais, a dar pouca importância ao que se passa nas empresas privadas. Falou-se e fala-se no défice das contas do Estado, que é um assunto sério. Mas nem todos repararam que a dívida das empresas privadas portuguesas era há pouco tempo a maior da Europa e superava mesmo a dívida pública nacional.

O endividamento das empresas acentuou-se nos primeiros anos deste século, com as taxas de juro baixas e as facilidades na concessão de crédito bancário (daí, em grande parte, o problema do crédito malparado que ainda hoje aflige a banca portuguesa).

Os números ontem divulgados pelo Banco de Portugal revelam uma evolução positiva nas empresas privadas não financeiras. Um terço do seu financiamento já é capital próprio, reduzindo a sua dependência do crédito. Pela primeira vez desde 2012, o capital próprio superou os empréstimos em 2016.

Não é uma melhoria extraordinária. Mas é um passo positivo, até porque o sector empresarial privado não financeiro melhorou a sua rendibilidade. E importa recordar que o saldo positivo das nossas contas externas se mantém (embora tenha diminuído um pouco em Janeiro-Setembro), o que tem muito a ver com o notável aumento das exportações e a conquista de quotas de mercado que numerosas empresas privadas conseguiram, contra ventos e marés, nos últimos anos.

Por outro lado, o maior peso dos capitais próprios sugere que terá abrandado a relutância de numerosos empresários a aceitarem sócios nas suas empresas, receando perder autonomia de gestão. O que também é de saudar.

Comentários
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  • Valdemar
    23 nov, 2017 Rodrigues 01:03
    O sr. que me perdoe, mas há décadas que emite "opiniões" sobre tudo e mais alguma coisa, e sobre cada coisa tem dito o direito e o avesso. Porque não descansa? Porque insiste em considerar quem o lê um hamster a esforrçar-se pedalando por sair de lado nenhum? Quem lhe paga não me interessa, mas será que ainda não ganhou o suficiente?Será que não vê que já todos vimos qual é a sua "tarefa", a de manter a roda rodando?
  • pedro miguel
    22 nov, 2017 19:30
    bom, é engraçado o termo contra ventos e mares... Adiante. ---- E tambem tem o seu quê a afirmaçao de que empresarios terao, agora, aceite (ou aceitado ) partilhar o seu com socios. ---- Só nao contemplou um aspeto, e outros haverá : os subsidios e que tais, ás empresas, ou porque em dificuldades, ou por isto , por aquilo, por tudo. Até havera casos em que os emprestimos simplesmente "prescreveram " , o malparado...--- Tambem, e se calhar, existem cada vez mais empresarios de vao de escada, o que decerto influencia essa estatistica. Alias ate se falava em os empresarios se endividavam para conseguirem pagar os impostos ...