21 nov, 2017
O partido liberal alemão abandonou as negociações para formar um governo de coligação com os democratas-cristãos de Merkel e os verdes. O partido liberal foi no passado importante para a integração europeia – basta lembrar o seu antigo líder, já falecido, Hans-Dietrich Genscher, ministro dos Negócios Estrangeiros da RFA entre 1974 e 1992.
Mas o partido liberal é, hoje, avesso à solidariedade – seja quanto aos refugiados, seja quanto aos países do Sul da Europa que têm enfrentado dificuldades financeiras, como Portugal. A ruptura das negociações para um novo governo em Berlim abre uma crise que não é só alemã. É também europeia.
Os socialistas não aceitam uma nova coligação com os democratas-cristãos, pois as experiências anteriores foram eleitoralmente desastrosas para o SPD. Ora, seja formando um governo minoritário – algo que nunca aconteceu na RFA – seja avançando para novas eleições, Merkel ficou muito enfraquecida. É duvidoso, até, que ela lidere o seu partido em nova campanha eleitoral, caso haja eleições antecipadas (hipótese que o Presidente da Alemanha não deseja). Uma sondagem indica que 61% dos alemães julgam de Merkel deve abandonar a política.
O europeísta Macron, presidente de França, apostava em reanimar o eixo franco-alemão para relançar a UE sem o Reino Unido. A reforma europeia terá, assim, que esperar. E as próprias negociações do “brexit” poderão atrasar-se com a saída ou o enfraquecimento de Merkel. Tudo isto terá desfavoráveis reflexos na economia europeia, o que também se sentirá em Portugal.