Emissão Renascença | Ouvir Online
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

​O prestígio das Forças Armadas

16 nov, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os militares contribuem, por vezes, para o seu próprio desprestígio.

Portugal deve a democracia às Forças Armadas (FA). Porque o 25 de Abril foi uma revolta militar e porque, passado algum tempo, os militares souberam subordinar-se ao poder político democrático. Não foi fácil, como ainda alguns se devem lembrar.

Afastados do poder político, os militares perderam algum peso na sociedade nacional. E a transformação de um exército para combater guerrilheiros numas forças modernas envolveu a sua profissionalização, acabando o serviço militar obrigatório. Creio, hoje, que foi pena. É também o que pensa o primeiro Presidente da República eleito em Portugal por sufrágio directo e universal, General Ramalho Eanes.

Salvo honrosas excepções, os nossos políticos fazem belos discursos sobre a importância vital das FA, mas raramente apresentam à opinião pública uma pedagogia eficaz sobre essa importância. E as FA contribuem, por vezes, para o seu próprio desprestígio.

É o que, infelizmente, está a acontecer agora com alguns casos. O alegado roubo de Tancos é o mais perturbador, claro. Não só porque roubar armas aos militares é grave, mas também - e sobretudo - porque a imagem que tem ressaltado deste “roubo” é a de uma gestão no mínimo negligente. E as explicações dadas até hoje pelas chefias militares têm sido por vezes patéticas.

Por outro lado, as suspeitas de corrupção em messes da Força Aérea já levaram à detenção de doze militares, incluindo um tenente-general. Há três dias titulava o Público: “Força Aérea sabia há anos que era roubada pelos militares, mas nada fez”.

Julgo que casos como estes devem fazer soar campainhas de alarme entre os militares responsáveis. O que passa não é bom para o prestígio das Forças Armadas.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • José F Barroca Monte
    18 nov, 2017 Lisboa 18:43
    Tal prestigio, a queda do prestigio das FFAA, tem acompanhado a marcha do prestígio dos políticos ou partidos, ou não? E poderia ser ou ter sido de outra maneira? Anos Pemier Guterres: «as FFAA gastam demasiado dinheiro para as garantias que dão aos contribuintes»-entrevista general Chefe da Força Aérea... Resultado: previsto chefiar as FFAA, preterido por general do Exercito, decisão MDN. Why? a) Ambição espúria do lobby exército? b) Interesses subterrâneos do Partido? d) O nacional amadorismo lusitano? «O Exército é o espelho da Nação»-título em quadro afixado nas paredes da Escola Prática de Infantaria em Mafra-fábrica de oficiais. Agora...como Espelho do Regime? Mais uns anos disto, não tardará. Organizem-se: em FFAA necessárias, desejáveis e possíveis. Quando na varanda do Restelo, houver um Ministro da Defesa em conformidade. A bem do Regime? Prezado Francisco SC?
  • Pedro Silva
    16 nov, 2017 Lisboa 08:30
    Acredito nas suas boas palavras, Sr. Sarsfield Cabral, mas se fosse às Forças Armadas perguntaria antes assim: «E o desprestígio de Francisco Sarsfield Cabral como jornalista português?» Que factores contribuíram para que os seus textos se tornassem aborrecidos? Porque ainda se mantém com uma coluna de opinião na Renascença?