20 out, 2017
Não tenho acompanhado a situações dos incêndios florestais em Portugal e na Galiza. Estou certo de que a solução é complicada e demorada, e que múltiplos especialistas se têm debruçado sobre o tema.
Feito este prefácio, aqui vai a opinião não qualificado de um cidadão que vê o problema à distância. Em boa parte, a dificuldade do controle dos incêndios prende-se com a desertificação do interior português. A falta de urbanização — e, de forma mais geral, a falta de pessoas — tornam o controle e a monitorização mais difíceis.
Nos últimos anos, a União Europeia (UE) — e a Alemanha, de uma forma especial — tem-se batido com outra crise: os refugiados do Médio Oriente. Por mais robusta que a economia alemã seja, é difícil absorver o fluxo migratório dos refugiados que, com alguma razão, dão preferência ao país de Merkel.
Parece-me que estamos perante uma situação em que a fome se junta à vontade de comer. Portugal precisa de famílias no interior; e a Europa precisa de absorver milhões de refugiados (a situação acalmou um pouco relativamente ao ano passado, mas está longe de resolvida).
Uma possibilidade concreta seria o Estado português ou a UE (ou a própria Alemanha) comprarem terrenos no interior de Portugal e oferecê-los aos refugiados acolhidos na Europa. Uma condição de transferência do direito de propriedade seria a residência nos ditos terrenos por um período de tempo a determinar. O mecanismo seria acompanhado por um processo educativo que ajustasse os novos imigrantes à vida no interior.
Estou convencido de que isso implicaria o estabelecimento em Portugal de uma série de famílias que, noutras condições, prefeririam a Alemanha. A Europa teria muito a ganhar com um processo deste tipo; tanto assim, que não é impensável que conseguíssemos alguma compensação no processo: juntar a fome à vontade de comer, sendo conta paga por terceiros!