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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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OPINIÃO

​T. May e o “brexit”

20 out, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A primeira-ministra britânica está fragilizada. E as negociações do “brexit” não a ajudam.

O Conselho Europeu que está reunido em Bruxelas não vai resolver o principal problema que, neste momento, complica e atrasa as difíceis negociações do “brexit”. O problema é decidir sobre quando será possível passar da primeira fase dessas negociações (as condições da saída do Reino Unido da UE, incluindo a factura a pagar por Londres quanto a compromissos já assumidos) para a fase seguinte (que relação terá a UE a 27 com o Reino Unido). Essa decisão apenas deverá ser tomada na cimeira de Dezembro. Se for…

O compromisso de só debater o futuro depois de se ter avançado significativamente nas condições de saída dos britânicos foi acordado logo na primeira reunião negocial. O Reino Unido aceitou, então, essa exigência da UE. Uma concessão que enfureceu muitos conservadores, até no interior do Governo de T. May. Um grupo de destacados membros do partido conservador, incluindo ex-ministros, e deputados trabalhistas exige à primeira-ministra que abandone as negociações se a UE persistir em não começar a discutir as futuras relações comerciais com o Reino Unido.

Ora um colapso das negociações do “brexit” seria o pior resultado possível para ambas as partes. E seria péssimo para os cidadãos da UE que vivem no Reino Unido, cerca de três milhões, assim como para os cidadãos britânicos que estão na UE (à volta de um milhão). T. May afirmou-se disponível para facilitar a vida, nomeadamente no plano burocrático, aos europeus residentes no seu país, mas não chegou para começar a negociar a segunda fase.

Um outro ponto difícil é o que acontecerá à fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte (Ulster). Essa fronteira está hoje totalmente aberta, como a fronteira entre Portugal e Espanha. Mas com o Ulster, que integra o Reino Unido, fora da UE, aquela passa a ser uma fronteira exterior da União, o que é susceptível de causar grandes prejuízos aos irlandeses de ambos os lados.

Foram infrutíferas as tentativas que T. May fez junto de Merkel, Macron e Juncker para apressar a passagem à segunda fase das negociações. O mais que ela pode esperar é que os 27 países da UE pós-“brexit” iniciem em breve conversas entre si, mas não com Londres, sobre o futuro relacionamento com o Reino Unido, sugestão avançada por D. Tusk, presidente da União. Mas ninguém pode garantir que T. May seja primeira-ministra quando se concretizarem as decisões para desbloquear o processo negocial do “brexit”.

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