17 out, 2017
O populismo europeu teve este ano uma clara derrota em França, depois de uma outra na Holanda. Mas nas eleições na Áustria, no passado Domingo, o partido populista anti-imigrantes e anti-UE obteve 26% dos votos, o seu melhor resultado desde 1999, quando era liderado por J. Haider. Nessa altura, o partido de Haider entrou numa coligação governamental com os conservadores, o que levou a UE a isolar a Áustria, que viu suspenso o seu voto no Conselho Europeu. A coligação acabou em 2002.
Agora, esse partido não ganhou as eleições na Áustria – ficou em segundo lugar. Em primeiro ficaram os conservadores, que se renovaram com o seu líder Sebastian Kurz, de 31 anos de idade, agora ministro do Negócios Estrangeiros. Este deverá ser o próximo primeiro-ministro austríaco, o mais jovem do mundo. Mas para isso terá provavelmente de se coligar com a extrema-direita.
Kurz é um europeísta e consta que só fará coligação com a extrema-direita desde que o novo governo não siga políticas anti-europeias. Mas Kurz ganhou estas eleições “roubando” à extrema-direita algumas das suas causas, sobretudo travar a entrada de imigrantes.
Ora Macron, o jovem Presidente de França e grande defensor da integração europeia, disse na sua primeira entrevista na TV, no Domingo, que iria expulsar do país qualquer imigrante ilegal que tenha cometido um delito… O populismo não poupa europeístas.
Há três semanas o partido eurocéptico alemão conquistou 13% dos votos e entrou no Bundestag. É a primeira vez na RFA que uma força de extrema-direita acede ao Parlamento federal. E as eleições no Estado da Baixa-Saxónia foram ganhas pelos socialistas, enfraquecendo ainda mais a posição de Merkel na negociação do “brexit” e no relançamento da União a 27.
Ou seja, o populismo europeu perdeu as suas principais batalhas em 2017, mas ganhou outras. O seu principal trunfo é a hostilidade à imigração. Recorde-se que a Polónia e a Hungria, também membros da UE, ainda não receberam um único imigrante.