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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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OPINIÃO

Populismo na Europa

17 out, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os adversários da integração europeia ganharam votos na Alemanha e na Áustria.

O populismo europeu teve este ano uma clara derrota em França, depois de uma outra na Holanda. Mas nas eleições na Áustria, no passado Domingo, o partido populista anti-imigrantes e anti-UE obteve 26% dos votos, o seu melhor resultado desde 1999, quando era liderado por J. Haider. Nessa altura, o partido de Haider entrou numa coligação governamental com os conservadores, o que levou a UE a isolar a Áustria, que viu suspenso o seu voto no Conselho Europeu. A coligação acabou em 2002.

Agora, esse partido não ganhou as eleições na Áustria – ficou em segundo lugar. Em primeiro ficaram os conservadores, que se renovaram com o seu líder Sebastian Kurz, de 31 anos de idade, agora ministro do Negócios Estrangeiros. Este deverá ser o próximo primeiro-ministro austríaco, o mais jovem do mundo. Mas para isso terá provavelmente de se coligar com a extrema-direita.

Kurz é um europeísta e consta que só fará coligação com a extrema-direita desde que o novo governo não siga políticas anti-europeias. Mas Kurz ganhou estas eleições “roubando” à extrema-direita algumas das suas causas, sobretudo travar a entrada de imigrantes.

Ora Macron, o jovem Presidente de França e grande defensor da integração europeia, disse na sua primeira entrevista na TV, no Domingo, que iria expulsar do país qualquer imigrante ilegal que tenha cometido um delito… O populismo não poupa europeístas.

Há três semanas o partido eurocéptico alemão conquistou 13% dos votos e entrou no Bundestag. É a primeira vez na RFA que uma força de extrema-direita acede ao Parlamento federal. E as eleições no Estado da Baixa-Saxónia foram ganhas pelos socialistas, enfraquecendo ainda mais a posição de Merkel na negociação do “brexit” e no relançamento da União a 27.

Ou seja, o populismo europeu perdeu as suas principais batalhas em 2017, mas ganhou outras. O seu principal trunfo é a hostilidade à imigração. Recorde-se que a Polónia e a Hungria, também membros da UE, ainda não receberam um único imigrante.

Comentários
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  • antonio
    17 out, 2017 lisboa 11:08
    Há quem continue a insistir numa UE moribunda. Cosntruída contra a vontade dos cidadãos e sobre a qual estes não têm qualquer poder ou controlo. A UE serve apenas para garrotear as economias dos países mais pequenos, impor vontades e portas abertas ao terrorismo e imigração descontrolada. Urge mudar a UE para uma confederação de estados. Urge demitir os milhares de "tachos" que vivem à custa do contribuinte, sem qualquer mais valia. Consultem o programa do PNR.
  • FT
    17 out, 2017 Lisboa 09:41
    Caro Senhor, gostei de ler o seu texto sobre os populismos europeus. Mas tenho que corrigir a sua ultima frase, onde escreveu que a Polónia ainda não recebeu um único imigrante. Esta enganado. A Polónia desde 2014 recebeu 1,5 milhões de refugiados da Ucrânia, vindos de terrenos de guerra no Leste deste pais, e da Crimeia ocupada pela Rússia. Nem a Alemanha recebeu tantos imigrantes! Alem disso falta me no seu texto duas respostas para seguintes questões: 1. porque a Alemanha unilateralmente (sem falar com outros membros da UE decidiu convidar os imigrantes africanos e asiaticos, dando cabo de acordo de Schengen?) e agora tenta obrigar outros países para acolher os seus convidados, 2. Porque os Ucranianos, que tem o seu pais invadido pela Rússia e em guerra, não são reconhecidos pela UE como refugiados? Pergunto porque a maioria de "refugiados" que nos últimos 2 anos vieram para a Europa são (segundo estatísticas europeias) os Nigerianos, onde não há guerra. Temos uma situação estranha - a UE tolera vinda de imigrantes económicos nigerianos e recusa de reconhecer os cidadãos de Mali e Ucrânia (países em guerra) como refugiados.