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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Governar é prevenir

12 out, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os fogos florestais de Outubro confirmam a ligeireza e a incompetência do seu combate em Portugal.

Voltam a estar activos 72 postos de vigilância de fogos florestais, até ao fim do corrente mês. Os 231 postos de vigia deste tipo haviam sido encerrados no final de Setembro, como se vivêssemos em clima habitual e não tivesse havido terríveis incêndios florestais desde Junho.

Mas o Governo e a Protecção Civil parecem ter seguido uma orientação meramente burocrática nesta matéria – fase Delta, fase Charlie, etc. – e não contaram com o anormal calor de Outubro. Calor que os meteorologistas haviam previsto.

Embora tarde, foi preciso recuar e reabrir postos de vigia, bem como aumentar os meios aéreos de combate aos incêndios. Mas nada pode eliminar as centenas de fogos florestais que já se registaram em Portugal no corrente mês e os mortos que eles provocaram. Não era costume haver tanto calor em Outubro? Pois não, mas não faltaram avisos. As alterações climáticas não são uma fantasia.

Governar é prevenir. E as autoridades, a começar pelo Governo, não previu aquilo que toda a gente receava. É o preço de “governar à vista”, olhando apenas para o presente.

Os incêndios florestais na Califórnia já fizeram 17 mortos, 150 desaparecidos e 30 mil desalojados, não obstante os americanos disporem de meios de combate mais abundantes e sofisticados do que os nossos. Mas a tragédia na Califórnia não desculpa a ligeireza e a incompetência com que o combate aos fogos foi tratado este ano em Portugal. E já nem falo da prevenção nem na fraca importância que ela parece ter na proposta de Orçamento para 2018.

Comentários
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  • Sérgio
    13 out, 2017 Porto 15:36
    Os incêndios são o espelho deste sitio atrasado e imbecilizado e inculto e sem civismo e sem respeito pelo ambiente e mal frequentado! Pior que 3º mundo....
  • Pedro Silva
    12 out, 2017 Lisboa 18:17
    Sr. Sarsfield Cabral, aquando do governo de Passos Coelho, não o vi a criticar o mesmo governo pela falta de prevenção e ligeireza em relação aos fogos em Portugal. Seria porque o mesmo governo era da cor do seu partido? Do mesmo modo, não vi criticar o silêncio do ex-presidente, Cavaco Silva, em relação à mesma matéria. Seria porque o mesmo ex-presidente é seu grande amigo e até lhe providenciou um lugar no governo em 1989? Seja mais imparcial nesta questão e esqueça, de vez, a hipocrisia.
  • Billige Madeira
    12 out, 2017 Lisboa 17:07
    É mal nosso chorar sobre o leite derramado. Friamente e despegado de quaisquer interesses, atribuo os incêndios às condições climatéricas existentes, à inépcia do sistema de vigilância das florestas e sobretudo à livre plantação do eucalipto que, como se sabe(?), inutiliza os terrenos para outras culturas e para todo o sempre. Ninguém informa qual a classificação portuguesa entre os produtores mundiais de tal produto. Cresce rápido, exporta-se muito para escoras mineiras mas é discutível se tais transações são de interesse nacional ou servem apenas interesses particulares. O resto são "baladas" e acidentes políticos do nosso teatro artístico, descontando o mal dos que sofrem e morrem pelo País onde nasceram..
  • Ricardo MArtins
    12 out, 2017 Lisboa 13:00
    A culpa é da "geringonça " com os seus amigos pafiosos e o seu ídolo Passos nem fogos havia como se sabe !!!
  • José Rodrigues
    12 out, 2017 12:35
    Podia fazer o favor de informar quantas mortes ocorreram originadas pelos fogos deste mês de outubro 2017?
  • nuno de magalhães
    12 out, 2017 lisboa 11:41
    A solução são muitas. Uma em que quase todos empeçam é a da regulação forçada. De duas coisas, a regulação da possibilidade de plantação de espécies e a regulação dos preços das madeiras. Forçando à plantação de outras espécies florestais criam-se manchas de coberto menos combustível. Tabelando preços não fica o prejuízo para os que têm menos dinheiro e que assim apostam em espécies de retorno rápido em detrimento das de crescimento lento e de menor combustibilidade.
  • Farto de Tretas
    12 out, 2017 VILA FRANCA XIRA 11:14
    Quando um governo tiver a coragem de fazer uma lei em que obrigue os madeireiros e outros interessados na madeira queimada a pagá-la ao mesmo preço da não queimada, verão que muitos fogos desaparecem. E ao mesmo tempo se derem à Força Aérea Portuguesa os meios e a autorização para que possam intervir durante a época de incêndios em vez das empresas contratadas e de outras entidades que lucram com os contratos chorudos e que nunca são explicados, muitos mais fogos se evitarão.