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José Luís Nunes Martins
Opinião de José Luís Nunes Martins
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​Será que o fim está próximo?

01 set, 2017 • Opinião de José Luís Nunes Martins


O pior dos males que vai destruindo o valor das nossas vidas é o egoísmo. Pior, um egoísmo coletivo em que todos se copiam uns aos outros.

Vivemos num mundo demasiado uniforme, quase monótono. Valorizamos aquilo que os outros valorizam, como se temêssemos usar a nossa cabeça. Até os nossos sentimentos conseguimos subordinar às opiniões alheias. Qualquer desvio destas modas é penalizado de forma implacável, talvez porque ninguém queira admitir que tem liberdade e que a devia usar.

O consumismo prende-nos à tristeza de não ter coisas que, em verdade, não prestam para nada, apresentando-se como solução para essa mesma inquietação. Muitos ainda são os que resistem, mais pela falta de recursos que os faz encontrar melhores alternativas, do que por convicção.

Os profetas, mais do que saber o futuro, são quem é capaz de dizer a verdade. Muitos são os que anunciam o fim dos tempos, mas sem que muita gente lhes dê crédito. Afinal, são pessoas estranhas que nos vêm estragar o sossego, despertando-nos o medo mais profundo: o de sermos confrontados connosco mesmos, tal como nos escolhemos. É mais confortável julgar que não somos assim tão responsáveis… é mais fácil negar a evidência de que o fim está mesmo próximo.

O mal é relativizado em função da distância, sendo tanto maior quanto mais próximo estiver de nós. Se, bem longe da nossa casa, dez milhões de seres humanos inocentes estiverem a sofrer de forma injusta por iniciativa de um tirano qualquer, sentimos que isso pouco ou nada nos diz respeito. Mas se nos doer um dente, então sim, já se trata de uma tragédia que revela quanto o mundo é condenável e injusto.

O pior dos males que vai destruindo o valor das nossas vidas é o egoísmo. Pior, um egoísmo coletivo em que todos se copiam uns aos outros.

O fim do mundo está próximo. Não só o do mundo de todos nós, mas o de cada um de nós.

A morte é um mal. Ninguém nasce para morrer. Mas morremos. Nascemos para viver e para ser felizes, mas há muitos que passam o tempo a arrastar-se entre medos e cinzas de sonhos que não foram capazes de cumprir.

Nunca como hoje estivemos tão perto do fim. Mas a razão exige que pensemos que este mundo não é o todo da existência. O amor vence a morte, quebra todas as barreiras – assim seja verdadeiro. O amor é a única passagem por cima do maior de todos os abismos, mas é uma ponte que tem de ser construída pelas nossas mãos.

O que é que está próximo?

De quem é que estou próximo?

Comentários
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  • joao123
    04 set, 2017 lisboa 13:02
    Não se preocupe em 2050 a população mundial duplica e não vai haver comida para todos, o que vai acontecer no futuro já está traçado...
  • Rui Nobre
    02 set, 2017 Portugal 22:50
    Quero dar ao autor do texto José Luís os meus mais sinceros parabéns pelo livro "A via sacra para crentes e não crentes" ...este texto foi escrito com a mesma profundidade e com a mesma perspicácia . A perspicácia de alguém que está atento, que está desperto para a realidade que nos rodeia. Se estivermos atentos, focados, despertos. Se pararmos para olhar e refletir a vida só terá sentido, se a quisermos viver como deve ser vivida. Muitas vezes é no sofrimento que descobrimos a vida...aquela de que fala o Filho do Homem ou como traduzido por Frederico Lourenço, o Filho da Humanidade "Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida ".
  • José Manuel Ramos
    02 set, 2017 7860-062 Moura 21:25
    O vosso comentário está bem concebido. Nos últimos parágrafos não me convence: Nos nascemos para morrer, tal como todos animais que vivem na terra, no ar e mar, assim como todas as plantas existentes na face da terra e mar, até as rochas morrem. certo que cada espécie quer animal vegetal ou mineral tem um período de vida útil, "nascer, crescer, procriar envelhecer e morrer pertence à lei da vida na terra". Durante o espaço de vida útil só queremos se felizes? Como é que nós sabemos que somos felizes se não tivermos agruras para pudermos comparar, Tal como comparar porque não somos todos bonitos, porque nunca o saberíamos se não houvesse feios. Nós humanos somos realmente dotados de vários dons, temos muita inteligência, temos uma estrutura no corpo que nos permite fazer tudo, temos ainda a consciência, o que temos pior é a ambição, mas não somos os únicos a ter inteligência e até consciência. Assim sendo não podemos dar ao luxo de pensarmos que somos nós humanos que dominamos tudo pois seremos nós pela ambição capazes de criar necessidades que nem sequer precisamos, pela nossa ambição somos nós que fazemos coisas maravilhosas, mas somos os únicos que estragamos o mundo através da satisfação dessas necessidade e estamos a poluir tudo agua, ar e terra, os alimentos, as radiações, consequentemente o fim do mundo destina-se a nós não ao planeta terra, muitas outra espécies sofrerão mas ficarão cá.
  • DAV
    02 set, 2017 centro 18:21
    Consequencia de se vergarem à cultura Americana, egoismo e capitalismo andam de mãos dadas mas a mudança é uma constante e agora que a mascara dos USA caio mais acelerada será essa mudança, outro mundo virá espero que com maior consciencia e menos materialismo, estamos juntos e temos que saber viver juntos, enquanto o dinheiro for o objectivo a verdade será secundária e a formatação para sermos consumidores padronizados será a prioridade.
  • ac
    02 set, 2017 lx 12:44
    Parabéns. Excelente opinião Os exemplos mais gritantes desta verdade aqui referida são: Comunicação social acéfala e vendida a uma corrente de pensamento único; moda e "VIPs"; redes sociais e o pensamento único que alguns nos querem impor com censura ( até a recolha de livros que não estão de acordo com este pensamento único de esquerda radical como nas ditaduras comunistas e nazis)
  • Carlos
    02 set, 2017 Leiria 12:32
    Sim acredito que o fim deste mundo está próximo. Já sei que corro o risco de ser acusado de pessimista, mas para mim é a realidade. Se não vejamos, como é que o mundo poderá aguentar mais esta sociedade, cuja vida de cada um é simples cópia sem qualquer originalidade?
  • CF
    01 set, 2017 Beja 21:21
    O ato final não tem fim à vista. Para o peculiar, o termo é o natural, para o cosmos não. O completo não está próximo, mas nele, no próximo. Acolher o estranho não nos dispensa de inquirir sobre a conclusão. Espiritualidades e modernidades deveriam confiar-se.