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José Luís Nunes Martins
Opinião de José Luís Nunes Martins
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​Os imprudentes nunca têm paz

25 ago, 2017 • Opinião de José Luís Nunes Martins


"Ninguém nasce bom. Sermos bons é o resultado de uma luta constante, onde ao inimigo basta um desequilíbrio para que aquilo que levou anos a construir se destrua numa só noite."

Hoje prefere-se o excesso. Apela-se ao exagero como se fosse bom e a moderação é vista como uma fraqueza cobarde de quem é incapaz de se estender para além dos seus limites.

Os extremos nunca foram bons, nem a imprudência foi alguma vez um meio eficaz de se chegar a um bom fim.

Ser humano implica encontrar o ponto de equilíbrio em tudo. A harmonia é uma condição da felicidade que é a paz. O mal é complexo e radical, ilude pela mentira das aparências fugazes e deslumbrantes e não se combate com armas semelhantes, antes sim, com verdade, simplicidade e determinação paciente.

Moderar os apetites e os desejos é o primeiro passo de quem busca construir e percorrer o caminho certo.

A inteligência e a experiência exigem que sejamos prudentes, que façamos do tempo um aliado contra o próprio tempo, impedindo que as pressas ou as preguiças nos façam decidir fora do momento certo. Assim também com o espaço, nem demasiado longe, ao ponto de nem sequer conseguirmos distinguir os contornos, nem tão próximo que não vejamos senão um detalhe ínfimo isolado e perdido do seu contexto.

Uma árvore cresce de forma lenta, mas segura. Ergue-se à medida que se enraíza. Um forte tronco liga as raízes, que buscam sem cessar melhores fontes de alimento, aos ramos, que apontam o céu.

O invisível é a razão de ser do visível.

Os que gostam de radicalismos não têm paciência para compreender que jamais a verdade se deixará abarcar por um cego de coração e soberbo de inteligência.

Há algo estranho nas vontades temerárias de quebrar os limites. Há quem se permita a tudo em nome de uma liberdade que nas mãos de um radical não é um bem, mas um mal. Para si, para os outros e para o mundo.

Ser prudente não é ser neutro nem imóvel, implica decidir e agir no tempo exato. Não é para fracos, preguiçosos ou cobardes.

Ninguém nasce bom. Sermos bons é o resultado de uma luta constante, onde ao inimigo basta um desequilíbrio para que aquilo que levou anos a construir se destrua numa só noite.

Só a prudência nos pode conduzir à paz que é a felicidade.

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  • Emilia
    01 set, 2017 Australia 15:34
    "Ninguém nasce bom. Sermos bons é o resultado de uma luta constante, onde ao inimigo basta um desequilíbrio para que aquilo que levou anos a construir se destrua numa só noite." So isto diz realmente tudo o que vivemos hoje em dia! Obrigada pelos seus textos...fique bem e tudo de bom com muito exito. Emilia Fernandes