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Nota de Abertura
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Retirada de livros

24 ago, 2017 • Opinião de Nota de Abertura


A sociedade portuguesa tem que romper esta anestesia do politicamente correcto que nos tenta convencer que até a natureza se muda por decreto.

O Governo português, através do ministro-Adjunto, recomendou a uma editora que retirasse do mercado um livro para crianças dos 4 aos 6 anos.

Porquê? Porque alegadamente, o livro atenta contra a ‘igualdade do género’.

Assim pressionada, a editora, embora recusando as críticas que lhe são feitas, acabou por fazer a vontade ao Governo.

Porquê? A editora não explica. Acatou, porventura para evitar problemas, num país em que o medo parece aprisionar algumas consciências.

Acresce que este livro foi publicado em Julho de 2016. Há mais de um ano. O Governo, ou alguém por ele, contactou a editora nessa altura? Os exercícios propostos que alegadamente contribuem para a desigualdade do género foram objeto de discussão e análise pedagógica conjunta? Ou tudo se resolveu agora, um ano depois, e em 24 horas, porque houve que dar resposta pronta aos ideólogos da igualdade do género?

A dignidade do homem e da mulher são, por natureza, inquestionáveis. E as sociedades devem promover em todos os planos, o reconhecimento efetivo dessa igual dignidade.

Mas o que a ideologia do género nos tenta obrigar a pensar, é que não existem diferenças de atitudes, comportamentos e escolhas entre homens e mulheres. Diferenças que resultam da natureza diferente do sexo masculino e do sexo feminino. Sim, porque há dois sexos; e eles existem desde o início da humanidade. A ideologia do género aspira a mudar a natureza das pessoas e das coisas, não admitindo opinião diferente.

E que é feito da liberdade? Nestes casos, a diversidade e a pluralidade de opiniões já não interessam? Por que razão nos querem conduzir a novas formas de censura e de coação? Imagine-se o coro de protestos, se outro Governo de outra cor política recomendasse, por motivos ideológicos, que um determinado livro fosse banido do mercado.

A sociedade portuguesa tem que romper esta anestesia do politicamente correcto que nos tenta convencer que até a natureza se muda por decreto.

Comentários
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  • J A Morais Sarmento
    05 set, 2017 Porto 10:52
    Plenamente de acordo. Igualdades de oportunidades, deveres e perante a Lei, sim; mas Homem e Mulher não são iguais, mas sim complementares e devem poder transmitir esses valores livremente sem esquecer que "a minha liberdade acaba onde começa a do outro".
  • jorge
    31 ago, 2017 s. mamede 21:38
    É pena estarmos a seguir este caminho que não se sabe aonde vai dar.
  • Isabel A. Ferreira
    27 ago, 2017 Porto 11:35
    E pensar que os homens nada seriam ou fariam sem as mulheres... A mão feminina está em tudo o que o homem é e faz. Os que menosprezam o primordial papel das mulheres na sociedade estão a renegar-se a si próprios. Os homens são importantes para as ocupações “pesadas”. As mulheres são importantes para as ocupações sublimes. Nada se faz sem os homens, mas tudo depende das mulheres. É ou não é?
  • Carminda Damião
    26 ago, 2017 Caparica 20:59
    É ridículo pensar que se dá dignidade às mulheres tornando-as iguais aos homens. Não se pode considerar igual, o que é diferente. As mulheres são diferentes, porque têm genes diferentes, corpos diferentes e psicologicamente também são diferentes, dos homens. Tirar os livros porque uns eram de menina outros de menino, é um abuso. As mulheres devem ter os mesmos direitos e os mesmos deveres dos homens, mas não precisamos de abolir os sexos como os adeptos da ideologia de género querem fazer.
  • No país da diversão
    26 ago, 2017 Lisboa 18:56
    No país da diversão vale quase tudo para desviar a atenção do essencial e manipular as pessoas. Em termos de progresso civilizacional este país não é exemplo e querem que as pessoas acreditem que é. Neste país há violação de direitos humanos, opacidade e abusos nos poderes, de falta de proteção aos mais fracos, má qualidade da democracia, censura na comunicação social. Tudo isto factos graves, mas disso não querem falar e vêm agora com diversões para manipular as pessoas. Depois se a comunicação social se preocupasse com a dignidade da pessoa humana, protegia os mais fracos dos abusos dos poderes, contribuindo para a transparência.
  • libertinagem
    25 ago, 2017 22:58
    O mais escandaloso conforme ouvi afirmar na televisão parece ser que estes livros não estavam incluídos no ensino obrigatório, compra quem quer ou gosta e quem não gosta põe de lado como qualquer outro livro de qualquer escritor caso se goste dele ou não. O que parece é que pouco a pouco vamos vivendo numa censura meia encoberta e que teimosamente vai -nos sendo imposta por uma esquerdalha libertina que mais não faz que vandalizar os valores humanos procurando-nos impor outras formas de vida nada condizentes com os nossos valores morais. Para eles família, sexo e cultura parece meterem tudo no mesmo saco sem diferenças de idades nem valores, é o vale tudo!.
  • M Valentina Luz
    25 ago, 2017 Lisboa 13:58
    Louvo a atitude pacífica da editora, louvo o artigo da RN. Há dois sexos , seja cor-de-rosa, seja azul. Quando se misturarem as duas cores, acaba a humanidade.
  • Margarida
    25 ago, 2017 Barcelos 13:36
    Ridículo! Porque se continua a perpetuar a ideia de que as mulheres têm de ser donas de casa e são menos capazes que os homens? No livro do menino ele podia construir um robot ou ser marinheiro, no da menina ela ajudava a mãe a fazer o lanche... Porque é que não são dadas as mesmas oportunidades a rapazes e raparigas? O rapaz pode ser um cientista, mas a rapariga é apenas faz tarefas domésticas? Exercícios com graus de dificuldade diferente? São porventura as mulheres menos inteligentes? Isto não é um caso de ser ou não politicamente correto. É um caso de igualdade de oportunidades.
  • António
    25 ago, 2017 Porto 10:46
    Novas formas de censura e de coação? Por favor, digam-me qual tem sido a posição da Igreja Católica quanto às caricaturas religiosas, nomeadamente as que têm sido feitas com Maomé? E não falo do "index" porque já faz parte do passado. "A dignidade do homem e da mulher são, por natureza, inquestionáveis". Não terão sido estes dois blocos um atentado a este direito ao sugerir que a capacidade mental das "meninas" é inferior ao dos "meninos"? "Mas o que a ideologia do género nos tenta obrigar a pensar, é que não existem diferenças de atitudes, comportamentos e escolhas entre homens e mulheres." Não, não obriga a pensar. Os tais "lobbys" do politicamente correcto não obrigam ninguém a pensar numa ideologia fantasiosa de controlo de massas como fez e faz a igreja católica durante toda a sua existência, porque neste caso é passado e presente. De tal modo, que ainda hoje, a Igreja Católica discrimina as mulheres, que fazem parte da maioria dos seus crentes. "A ideologia do género aspira a mudar a natureza das pessoas e das coisas, não admitindo opinião diferente." E se a própria natureza está dentro dessas pessoas e dessas coisas e que são factores exteriores que alteram a sua natureza? Não acredito na teoria da "tabula rasa" mas livros como estes e os "bons costumes" alteraram a verdadeira natureza humana, independentemente do género, ao longo de toda a História.
  • CF
    25 ago, 2017 Beja 10:43
    O especialmente correto é a moral em alta. A ética-estética futurista do corpo translúcido. A crónica do tempo que falta.