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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Contra o racismo

21 ago, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


É um mito a ideia de que os portugueses não são racistas.

O racismo está no centro da política americana. Os partidários da “supremacia branca”, ajudados pelas posições ambíguas de Trump, vêm para a rua com símbolos e cânticos nazis. Na Europa o problema dos refugiados deu palco a agrupamentos de extrema-direita, abertamente racistas.

Em Portugal gabamo-nos de grupos desses não terem por cá expressão significativa. Provavelmente tal acontece porque ainda está presente na nossa memória colectiva o quase meio século anterior ao 25 de Abril e raros são os que gostariam de regressar a esse regime não democrático. Mas é um mito a ideia de que os portugueses não são racistas. Foram durante o período colonial e são hoje.

Talvez haja povos mais racistas do que o português, mas de nada serve iludirmo-nos. Só reconhecendo o que somos realmente poderemos lutar com legitimidade contra outros racismos, a começar pelo islamismo radical e fanático, que leva ao terrorismo.

Por isso é de louvar a iniciativa do diário “Público”, que no sábado começou uma série de artigos sobre a desigualdade racial em Portugal, designadamente na vida quotidiana. Nada como os exemplos vividos entre nós por negros das mais diversas condições para evidenciar que o racismo existe na nossa sociedade, por muito ignorado que seja por quem manda.

A manchete do jornal destaca que “há dez vezes mais presos africanos do que portugueses” (em proporção, claro). E acrescenta que “magistrados e outros agentes do sistema judicial reconhecem que há duas justiças, uma para negros, outra para brancos”.

“Um preto é sempre suspeito”, terá dito um polícia a um jovem negro, conta a reportagem do “Público”. Entre os habitantes da Amadora, nos arredores de Lisboa, um cabo-verdiano tem 19 vezes mais probabilidade de ser preso do que um português. Diz o editorial do jornal que, “quando a polícia envia os agentes com pior classificação para as esquadras dos bairros sociais, está a juntar lume à gasolina”.

É óbvio que deveria ser ao contrário. Nas zonas suburbanas problemáticas seria sensato colocar agentes especialmente treinados, e porventura melhor pagos, para lidar com as situações difíceis que se conhecem.

Comentários
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  • Anónimo
    06 fev, 2018 01:43
    Quem acha que os portugueses não são racistas nunca leu caixas de comentários. Infelizmente as caixas de comentários costumam ser habitadas pelo que há de pior na sociedade portuguesa. Os jornais têm culpa pois apesar de "moderarem" as caixas de comentários, aprovam os comentários dessa gentalha. E alguns desses comentários roçam os limites da liberdade de expressão previstos na lei.
  • "EXISTEM RAÇAS"
    01 out, 2017 lisboa 02:42
    Se Deus criou raças diferentes umas das outras com características diferentes é porque numa certa persoectiva foi racista. Ser racista é ver e saber distinguir raças... quanto à discriminação até os animais são discriminados consoante a raça eu nunca iria pôr um caniche na caça nem um boi manso amarelo na tourada.... mas claro que nunca iria discriminar uma pessoa pelo tom da pele mas sei que aquela pessoa não tem o meu ADN não é da minha raça, Deus criou-nos assim. Espero que não me interpretem mal julgando-me por aquilo que não sou... sou contra a discriminação racial no ser humano nas reconheço que existem raças.
  • Manuel Costa
    27 ago, 2017 Agueda 22:52
    Racistas somos todos em alguma coisa. Agora, se alguém diz que viu um preto a assartar um banco, onde é que está o racismo? Ele não é preto? E se alguém diz que há muitos ciganos que não querem trabalhar e vivem á custa dos nossos impostos, onde está o racismo? Alguém diz que é mentira?!.. E sobre a imigração, alguém acha bem que um país mais pessoas do que a sua capacidade tecnica e financeira? Não sejamo hipócritas nem façam dos portugueses parvos.
  • P.R.
    22 ago, 2017 Olivença 09:36
    Se somos racistas, o que chamar àqueles que nos atropelam, nos rebentam e nos assassinam quase todos os dias?
  • tiro no pé
    21 ago, 2017 22:26
    Identifico-me inteiramente com a opinião de PSI e acrescento que quanto mais teimarem com a tal conversa do racismo contra criminosos ou raças altamente identificadas em percentagem com o crime, nada mais estão a fazer perante a realidade actual do que dar razão a quem condena tal gente e a criar aí sim possivelmente outra forma de extremismo contrária aos praticados por eles.
  • Marco Visan
    21 ago, 2017 Lisboa 21:46
    Uma sociedade que continua a decair, como a portuguesa e em que o capitalismo não demonstra sinais de desaparecer, continuará a padecer de problemas como o racismo, prostituição, jogo ilícito, sem abrigo e muitos outros. O problema para resolver o racismo é melhorando a sociedade. Como se faz? Mudando de política. Por isso, estou com o primeiro comentário. A sociedade só se transforma quando vive o socialismo e começa a curar estes problemas.
  • Francisco Oliveira
    21 ago, 2017 Bracara Augusta 15:43
    Estive na tropa numa colónia portuguesa, onde predominava muito a cultura Inglesa, Alemã e Holandesa. onde a população africana, era constituída por 41 línguas e muitas etnias. Quando lá cheguei, fui estudar de noite, enquanto os outros iam para as cervejarias. Nunca lá vi racismo, a não ser alguns moçambicanos entre si e, de alguns parolos portugueses da construção civil, que eram do pior. Quando cheguei a Moçambique em Abril de 61, era mais adiantado do que Portugal, mais de 50 anos. Havia lá muitos malaios, indianos, chineses, e alguns italianos, gregos alemães, ingleses e holandeses. os negros, não podiam com os orientais. Lá não predominava a cunha nem a corrupção, Fui Guarda Fiscal, senão, mesmo com sete anos de estudo, nunca chegaria a empregado bancário. Tinha colegas de todas as raças. Racistas, são aqueles que eram das comissões te trabalhadores, dominavam as empresas e eu, fiquei sem nada, queria dar de comer, a mulher e dois filhos e, em Lisboa não servia para empregado de armazém ou ajudante de motorista, comandados por uma esquerda, fascista, ignorante e racista, de que ainda hoje estamos a sofrer.
  • antonio
    21 ago, 2017 lisboa 14:24
    Antes de mais, importava saber se os presos "negros" praticaam realmente o crime. Se sim como deverá ser, nada se deve apontar. A não ser que se queira condicionar a justiça pela cor da pele! Ou impor cotas de presos por cor, se já temos muitos negros agora não prendemos mais, só brancos ou amarelos... Ah e antes que começe a falar do PNR, falo eu, e leia o programa do partido, vá assistir às reuniões para poder falar com conehcimento. Obg.
  • Roque Almeida
    21 ago, 2017 Lisboa 13:07
    Exmº. Senhor Doutor Francisco Sarsfield Cabral, 1 - Racismo, infelizmente, houve, há e haverá sempre em todo o lado, principalmente em África e entre os próprios pretos; 2 - Não vamos confundir racismo com a reacção da população a esta "invasão" que a Europa está a sofrer, por conta de políticos pouco escrupulosos e com interesses obscuros; 3 - Não são assim tão poucos, muito pelo contrário, os que vêm no "antes 25" um sistema melhor. E são muitas as razões, como bem sabe. Mas claro que para o "sistema" actual, e a quantidade que dele beneficia, é fundamental alimentar essa ideia, para continuar tudo a usufruir de "certas benesses". Alias, algumas classes sociais é que, no pós 25, passaram maus bocados, como infelizmente ainda deverá estar presente na sua memória. 4 - Não sei se viveu em África, mas afirmar que os portugueses eram racistas no período colonial é errado. Classicistas talvez, mas racistas não. Portanto ou nunca viveu lá, e não sabe exactamente o que se passava, ou estará a falar por si. 5 - A comunicação social faz parte do sistema, logo... Na Amadora, há dez vezes mais estrangeiros do que portugueses. 6 - Concordo consigo no último parágrafo. A colocação de agentes deveria ser mais sensata no que toca a zonas suburbanas problemáticas. Mas então não podemos criminalizar agentes por essa falha que vem de cima. Independentemente dessa questão, qual seria a sua reacção na posição destes agentes, se, de cada vez que saísse para a rua, fosse injuriado e atacado?
  • Manuel Simao
    21 ago, 2017 Porto 12:38
    Esta história do racismo, do machismo, do homossexismo, do antiturismo, já mete nojo. Há pretos mais bem sucedidos que eu (que sou branco), há mulheres melhores que eu (que sou homem), etc. Depois, há os maus e os que dizem que são bons. É fácil defender os pretos, os ciganos, as mulheres, os homossexuais, não querer turistas. Fica bem. Está na moda. Já agora, que tal uma tatuagem, um piercing e uma passa? Ó Aboubakar, Danilo e Marega, mandem calar estes brancos bonzinhos que defendem os pretos coitadinhos! Ó Inês Henriques, diz-lhes o que valem mulheres como tu! Haja consciência e bom-senso. Não nos venham dar lições de proteger coitadinhos!