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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Consumir a crédito

18 ago, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Importa não repetir erros do passado recente para não perder os ganhos já alcançados.

A economia portuguesa atravessa uma boa fase de crescimento. Mas não convém exagerar nos foguetes, até porque optimismos excessivos transmitem sinais errados aos consumidores.

Se o consumo privado, das famílias, crescer demasiado arriscamo-nos a cair, de novo, no desequilíbrio externo.

Os indicadores relativos ao crédito ao consumo são sinais de alerta. Em Junho passado esse crédito foi 10% superior ao concedido em Junho de 2016. Cerca de 40% do crédito ao consumo financiou a aquisição de automóveis – bens que têm uma elevada componente importada.

No primeiro semestre do corrente ano as famílias pediram emprestado para esse fim mais 228 milhões de euros do que no primeiro semestre do ano passado.

O crédito pessoal para finalidades como educação, saúde, energias renováveis e compra de equipamentos foi, em Junho passado, 38 % superior ao de igual mês de 2016. E o financiamento bancário para a compra de casa está em máximos de 2010, altura em que alegremente se ignorava a deterioração do nosso défice externo (que chegou a ultrapassar 10% do PIB).

Decerto que o sector automóvel passou vários anos de depressão. É natural que haja, agora, uma fase de recuperação. Mas, no crédito automóvel como nas outras modalidades de crédito ao consumo, importa não repetir erros do passado recente para não perder os ganhos já alcançados.

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