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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Trump e o “Obamacare”

20 jul, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O Senado de Washington já tentou, em vão, aprovar duas novas leis para substituir o “Obamacare”.

Os Estados Unidos gastam mais com a saúde do que os países europeus, mas obtém piores resultados. Um desses resultados negativos era, até à presidência de Obama, deixar dezenas de milhões de americanos sem apoios na saúde, nomeadamente seguros.

Obama empenhou-se em combater essa injustiça. Assim surgiu o Obamacare, em 2010. O programa foi afectado durante os primeiros meses por problemas informáticos. Agora, porém, já muita gente nos EUA está satisfeita por ter alguma protecção estatal na saúde; 22 milhões ganharam seguro.

Só que a facção radical do Partido Republicano desde o princípio declarou guerra ao Obamacare. Essa facção tem enorme dificuldade em aceitar que o Estado ajude pobres e doentes. Na sua campanha eleitoral, Trump abraçou a causa de acabar com os apoios do Obamacare, coisa que considerou fácil de concretizar. Enganou-se.

A Câmara dos Representantes aprovou, de facto, uma nova lei da saúde. Mas, para ser aplicada, essa lei precisava de ser também aprovada no Senado, onde igualmente os republicanos têm a maioria. Ora já por duas vezes o Senado foi incapaz de conseguir a aprovação de leis sobre apoios na saúde para substituir a lei de Obama.

Alguns deputados republicanos revelaram-se contra os projectos de uma nova lei para a saúde. Uns, por cegueira ideológica – endeusam o mercado e detestam o Estado social europeu, queriam cortar mais nos apoios. Outros, porque temem que os seus eleitores lhes retirem votos por causa de uma drástica diminuição de benefícios sociais – o último projecto de lei eliminaria o seguro de saúde para 20 milhões de americanos a partir de 2026…

Este impasse incomoda Trump, que apenas se preocupa com a sua imagem - as sondagens mostram uma baixa taxa de aprovação. Ele pede aos congressistas, agora, que revoguem o Obamacare, e depois se arranjará uma nova lei. E entretanto, quem ajuda os desvalidos? Isso, pelos vistos, conta pouco. É a América na sua face mais negativa.

Ironicamente, alguns senadores, incluindo republicanos, que não aprovam a ideia de revogar o que está e só mais tarde substituir fazem-no, dizem, porque esse atraso perturbaria o mercado de seguros…

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