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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Os militares e a opinião pública

19 jul, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O caso de Tancos parece encaminhar-se para que a culpa morra solteira.

Já aqui disse que, na minha opinião, os militares em Portugal não são suficientemente valorizados pela sociedade e pelo poder político. Mas essa valorização tem de ser preocupação, antes de mais, das próprias Forças Armadas.

Estas lidaram bem com as lamentáveis mortes em cursos de preparação dos comandos. Mas as chefias militares falharam no caso de Tancos, ao fazerem sucessivas afirmações contraditórias entre si.

Claro que prosseguem as investigações do alegado roubo (porque até pode não ter sido roubo...). Só com essas investigações concluídas poderemos saber o que realmente se passou. Mas as várias afirmações e medidas dos chefes militares que entretanto a comunicação social divulgou baralham a opinião pública.

Primeiro, era um caso gravíssimo. Depois, afinal as armas e munições alegadamente roubadas estavam velhas, valendo apenas 34 mil euros. Parece que os ladrões terão feito um favor ao Exército levando aquele material. Até se fala em que o favor tenha sido ocultar uma falha na lista de armas e munições do Exército. Entretanto, foi um jornal espanhol, El Mundo, que publicou as armas e munições aparentemente roubadas – sem ser desmentido.

Cinco comandantes do Exército com responsabilidades na segurança dos paióis foram “temporariamente” exonerados (figura de duvidosa validade jurídica). Esta semana foram reconduzidos, porque, dizem-nos, as investigações internas permitiram ultrapassar os motivos para a tal suspensão temporária. Ninguém percebe.

Recorde-se que o comandante supremo das Forças Armadas, o Presidente da República, exigiu “uma investigação que apure tudo, factos e responsabilidades”. Mas os sinais até agora transmitidos pela hierarquia militar sugerem uma desvalorização do caso e responsabilidades de ninguém.

Comentários
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  • Sacudir o Caos
    19 jul, 2017 V. F. Xira 23:26
    Sou antimilitarista, logo não venho em defesa da Instituição Castrense. Fui militar (à força) miliciano no Exército e Força Aérea. Fui transferido para TANCOS (BA3) 43 dias antes do "botas" ter batido a "bota" em 27 de Julho de 1970. Para refrescar a memória, ou para quem não saiba, em 08 de Março de 1971 "DESAPARECERAM" do angar norte da Base Aérea nº 3, VINTE E OITO Aeronaves, incluindo helicópteros Alouette III e SA-330 Puma. Eu estava lá, entre dois milhares de militares. Por aqui me fico.
  • Miguel Botelho
    19 jul, 2017 Lisboa 22:20
    E porque não escrever acerca do desinvestimento nas forças armadas, por alturas do governo de Pedro Passos Coelho que senhor votou e apoiou? Vir aqui agora escrever estas linhas soa a hipocrisia.
  • Justus
    19 jul, 2017 Espinho 17:04
    S. Cabral quando não tem assunto volta ao mesmo, sempre com novas deturpações. Se estão em curso inquéritos sobre o "propalado" roubo de Tancos porque não espera pelos seus resultados? Porque não interessam a S. Cabral que só está interessado na distorção com o objectivo de denegrir as forças armadas e, por essa via, o governo que detesta. Sobre este assunto (alegado roubo de Tancos) S. C. não sabe o que escreve e escreve o que não sabe. Chega ao desplante de dizer que cinco oficiais do exército foram "temporariamente exonerados", o que é pura mentira, como ele próprio reconhece ao escrever logo a seguir foram "temporariamente suspensos". Em que ficamos Sr. S. C., os oficiais foram exonerados ou suspensos? Será que não sabe o que é uma e outra coisa? Sabe, mas quer enganar os leitores, fazer deles "parvinhos", atirando-lhes palavras que tipificam actos que não aconteceram. Ou, o que é pior, quer dar a entender que o comando das forças armadas cometeu um acto irregular - exoneração - quando não foi nada disso que aconteceu. Porque se o fosse, não podiam agora voltar às suas funções. Aliás, se o Sr. estivesse atento às palavra do PR logo no início dos incêndios verificaria que ele foi muito claro ao dizer que iria haver providências cautelares. Actos que o PR e o primeiro ministro acordaram em seguir, como bons juristas que são, para calar aqueles que já se preparavam, como de costume, para denegrir os inquéritos, dizendo que foram manobrados pelas chefias que ainda lá estavam.
  • Americo
    19 jul, 2017 Leiria 11:26
    Um "enxovalho" e uma humilhação para o Sr. Presidente da República e comando supremo da Forças Armadas levado a cabo pelo sr. primeiro-ministro António Costa e por aquele a quem alguém já chamou sabujo para cima, cão para baixo. Estou curioso em ver a "resposta" do Sr. Presidente.