21 jun, 2017
As negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia começaram mesmo no dia inicialmente previsto – na segunda-feira passada. Já é alguma coisa, dada a confusão política em Londres, depois de a primeira-ministra Theresa May ter falhado a sua tentativa de alargar a maioria absoluta na Câmara dos Comuns (perdeu-a).
Naturalmente que um primeiro encontro negocial não garante que as negociações irão correr bem. Mas o negociador da UE, Michel Barnier, não teve oposição do negociador britânico, David Davies, em vários pontos considerados essenciais em Bruxelas.
A UE tem defendido que, primeiro, se deve negociar o “divórcio” e só depois de haver progresso suficiente nesse capítulo será de negociar a futura ligação do Reino Unido à Europa comunitária.
O Governo britânico tinha dado sinais de querer tratar simultaneamente, em paralelo, dos dois assuntos; o seu recuo, agora, é atribuído à presente posição de fraqueza de Londres.
Foram também aceites por David Davies as três prioridades apontadas por Bruxelas: garantias sobre o futuro dos 3,2 milhões de cidadãos europeus que vivem no Reino Unido, assim como dos 1,2 milhões de britânicos que vivem em território comunitário; depois, a factura que o Reino Unido terá de pagar por compromissos comunitários anteriormente assumidos; e em terceiro lugar o problema da fronteira entre a República da Irlanda e o Ulster (Irlanda do Norte), uma fronteira agora totalmente aberta e cujo eventual encerramento, por passar a ser uma fronteira exterior da UE, causará sérios problemas, incluindo aos habitantes do Ulster.
A imprensa britânica e alguns políticos criticaram aquilo que consideram cedências à UE. O líder dos liberais-democratas, Tim Farron, disse mesmo que David Davies capitulou e foi “humilhado” em Bruxelas. O que não augura que os próximos encontros negociais sejam tão favoráveis à UE como o primeiro.
P.S. Esta coluna suspende a sua publicação durante alguns dias, regressando a 3 de Julho, se Deus quiser.